23 de mar. de 2010

Deputados apresentam moção de apoio a Cuba

Documento exalta compromisso cubano com 'democracia e justiça social' e ataca 'campanha' contra a ilha

Denise Madueño - O Estadao de S.Paulo

BRASÍLIA
Um insólito "protesto" em favor da ditadura cubana ganha força na Câmara dos Deputados. O grupo parlamentar Brasil-Cuba, comandado pela deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), está recolhendo assinaturas em uma moção de solidariedade ao governo de Raúl Castro, enquanto dissidentes cubanos lançam uma apelo internacional contra o "crime de consciência" na ilha.

O texto da moção dos deputados trata o movimento de dissidentes em Cuba e as manifestações contra o regime dos irmãos Castro como uma "cruzada infame" fabricada contra a soberania, a independência, a dignidade e o heroísmo do povo cubano.

O documento servirá de contraponto a outra moção, apresentada na semana passada no plenário da Câmara, de "irrestrito apoio e solidariedade aos presos políticos que, em Cuba, lutam por liberdade e democracia". O requerimento foi retirado de votação, na quarta-feira, pelo presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), até que os líderes partidários discutam o encaminhamento que deverá ser dado ao documento. A reunião deverá ocorrer hoje.

"Na verdade, os virulentos ataques a Cuba escondem um alvo maior, que são as conquistas de governos populares comprometidos com a democracia e a justiça social das grandes maiorias da nossa América", diz a moção de apoio a Cuba. Ela considera ainda haver uma "insistente campanha promovida por meios de comunicação intransigentemente comprometidos com a desinformação", despertando o ânimo dos políticos reacionários.

Até agora, de acordo com dados da assessoria de Grazziotin, cerca de 30 deputados assinaram o documento.

A moção de apoio aos presos políticos foi apresentado pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), conhecido na Casa por suas posições de direita, como apoio ao regime militar brasileiro. O requerimento obteve apoio de parlamentares do PP, do PPS, do PMDB, do PSDB, do DEM.

O documento de Bolsonaro foi reduzido a três linhas, com a retirada de termos mais incisivos contra o governo cubano. O documento de Grazziotin, ao contrário, é mais extenso e ataca o que chama de "inimigos" de Cuba.

"A Revolução Cubana é marcada por um bem-sucedido processo de transformações políticas, econômicas e sociais caracterizadas nas condições de vida do seu povo, principalmente na saúde e na educação", continua Grazziotin. "Por obra da mídia mercantil, do seu bloqueio informativo, nada disso chega aos leitores e telespectadores brasileiros", ressalta a deputada na moção.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100323/not_imp527921,0.php

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