Cinco embarcações circulavam na Travessa Tabelião Lessa na hora da foto. Manaus decretou situação de emergência devido a cheia do rio Negro.
Marina SouzaDo G1 AM
Populares usam canoa para passear em rua no Centro de Manaus (Foto: Daniel Presença/VC no G1)
Com a cheia do rio Negro, a água invadiu ruas do Centro de Manaus. Para
se locomoverem na área, populares apostaram em canoas como meio de
transporte. O leitor do G1, Daniel Presença, registrou a curiosidade na tarde deste domingo (29).
Aproximadamente cinco embarcações circulavam na Travessa Tabelião
Lessa, no Centro da capital, no momento em que foi tirada a foto. De
acordo com Daniel Presença, a água do rio Negro invadiu a rua pela
tubulação e sistema de esgoto. "Naquela área, foi a primeira rua a ser
atingida", disse.
Na sexta-feira (27), o prefeito de Manaus, Amazonino Mendes, decretou
situação de emergência na capital amazonense devido a cheia dos rios. O
decreto terá 90 dias de prazo, prorrogáveis por mais 180.
A Defesa Civil Municipal estima que aproximadamente 3,6 mil famílias
serão afetadas pela subida do nível da água do Rio Negro que, na última
quarta-feira (25), atingiu a cota de 28,96m. Atualmente o nível do Rio
Negro registra 29,07 metros, a 70 centímetros de atingir a marca
histórica de 2009. Pelo menos onze bairros terão áreas alagadas somando
cerca de 18,3 mil pessoas atingidas.
Segundo a Defesa Civil, os bairros que poderão ter maior espaço
invadido pela água são Glória, Presidente Vargas e São Raimundo. Casas
em áreas do São Geraldo, São Jorge, Educandos, Aparecida, Betânia, Raiz,
Morro da Liberdade e algumas ruas do Centro também entram na soma. A
Prefeitura prevê que 3.468 vias serão alagadas.
Comandado por um interino que não age sem o
aval do Planalto, o Ministério do Trabalho interrompe a onda de criação
de sindicatos fantasmas e mostra resultados
Adriana Nicacio
ELE MANDA
O ministro Gilberto Carvalho é quem dita as normas no Trabalho,
enquanto o ex-titular Carlos Lupi (à cima) perde influência
Na noite da quarta-feira 18, enquanto sete
mil trabalhadores de Belo Monte decidiam paralisar as atividades no
Pará, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência
da República, recebia em Brasília informações detalhadas sobre o
andamento da assembleia. Naquele mesmo momento, o ministro interino do
Trabalho e Emprego, Paulo Roberto dos Santos, cumpria burocraticamente
sua agenda ao receber em seu gabinete o deputado Gonzaga Patriota
(PSB-PE). “Não posso nomear, demitir ou assinar nada sem perguntar para o
Palácio do Planalto. Estou tampando buraco”, queixou-se o ministro a um
colega pedetista. Esse é o atual retrato do Ministério do Trabalho.
Desde que o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, foi obrigado a
pedir demissão da pasta, desgastado por denúncias de criação de
sindicatos fantasmas e pelo envolvimento num esquema de repasses ilegais
para ONGs, o órgão passou a ser monitorado pelo Palácio do Planalto.
Paulo Roberto toca as tarefas de rotina, porém, sem maiores poderes. A
interferência política se diluiu, os escândalos desapareceram e Gilberto
Carvalho, que sempre foi muito próximo do movimento sindical, vem
lidando com as principais questões trabalhistas.
A fórmula, a julgar pelos resultados, tem sido mais exitosa do que a
anterior. A desenfreada criação de sindicatos fantasmas foi estancada. O
ponto eletrônico, cuja implantação foi adiada várias vezes, tornou-se
realidade, mesmo com a oposição das entidades patronais. O nível de
emprego formal no País cresceu em março com a criação de 145 mil postos
de trabalho. Também saíram do papel as unidades móveis do Trabalho em
cinco Estados: Rondônia, Pernambuco, Goiás, Rio de Janeiro e Paraná.
Ciente de que perdeu poder político, o PDT se movimenta para indicar o
sucessor definitivo de Lupi. Mas, embora o deputado Paulo Pereira (PDT)
tenha reunido as assinaturas das centrais sindicais em favor do deputado
Brizola Neto (RJ), a nomeação ainda não saiu por resistência de Carlos
Lupi. Ele tenta manter seu poder por meio de Paulo Roberto dos Santos e
do secretário de Políticas Públicas de Emprego, Carlo Roberto Simi. Na
prática, porém, perdeu espaço. A presidenta Dilma Rousseff nutre
simpatia por Brizola Neto, mas já não tem pressa na nomeação porque
Gilberto Carvalho tem se saído bem. No último mês, o ministro passou a
coordenar a Mesa Nacional Permanente para o Aperfeiçoamento das
Condições de Trabalho na Indústria da Construção, um espaço para
aprimorar as condições de trabalho nos canteiros de obras do País. Ao
reclamarem da intervenção de Carvalho, os pedetistas foram advertidos
por um assessor de Dilma: “Cuidado, em time que está ganhando não se
mexe.”
Enquanto o grupo de elite americano tenta recuperar
a credibilidade, a imprensa do país publica novas denúncias de farras
em viagens oficiais para o exterior
Barack Obama desembarca do Força Aérea Um acompanhado por agentes do Serviço Secreto
(Saul Loeb / AFP)
Nos últimos dias, imprensa dos EUA publicou novos relatos de conduta
inapropriada dos agentes em visitas a San Salvador e Buenos Aires
Ainda sob o efeito do escândalo sexual em Cartagena,
na Colômbia, o Serviço Secreto dos Estados Unidos criou nesta
sexta-feira novas regras de conduta para os seus agentes em missões no
exterior. Segundo a cartilha, eles estão proibidos de visitar
estabelecimentos de "reputação duvidosa" ou de levar estrangeiros para
seus quartos de hotel.
O grupo de elite, responsável pela segurança do presidente dos Estados
Unidos e de sua família, passa por uma crise após a divulgação de uma
"farra" envolvendo seus agentes nas vésperas da Cúpula das Américas,
realizada no balneário caribenho de Cartagena, nos dias 14 e 15 de
abril. Na ocasião, o grupo teria levado21 prostitutas colombianas para seus quartos de hotel.
As novas regras, que deverão ser adotadas imediatamente, também proíbem
o consumo de álcool nas dez horas anteriores ao trabalho. Além disso,
exigem que as viagens sejam acompanhadas por um supervisor do Escritório
de Responsabilidade Profissional do Serviço Secreto.
Vexame - Em uma entrevista coletiva na segunda-feira, pouco após o escândalo ter chegado ao público, o general Martin Dempsey,
chefe das Forças Armadas dos EUA, lamentou o episódio: "Estamos
envergonhados. Decepcionamos nosso líder (Obama), porque ninguém comenta
a respeito do que ele foi fazer na Colômbia. Só falam do incidente".
Denúncias - O caso tomou novas dimensões na última
quinta, quando a cadeia KIRO-TV de Seattle, citando fontes anônimas,
noticiou que membros do Serviço Secreto receberam favores sexuais em San
Salvador e levaram prostitutas ao hotel antes da visita do presidente
Barack Obama ao país, em março de 2011. Em outra denpuncia, o jornal The Washington Post
publicou que agentes que acompanharam o ex-presidente Bill Clinton em
uma visita a Buenos Aires, em 2009, também viveram uma noite de farra na
capital argentina.
O senador republicano Charles Grassley pediu na última quinta uma
investigação independente sobre o episódio de San Salvador e cobrou, em
entrevista para a rede CBS, punições para os envolvidos nos
escândalos. No entanto, a secretária de Segurança Nacional, Janet
Napolitano, assegurou na quarta, diante do Senado, que o caso da
Colômbia era um episódio isolado, e reiterou sua confiança no diretor do
corpo de segurança, Mark Sullivan.
Fuzileiros serão deslocados de Okinawa para outras regiões do Pacífico
Marines realizam exercício militar nas Filipinas: EUA
consideram o Sudeste Asiático um importante ponto estratégico
(Ted Aljibe / AFP)
O exército americano mantém cerca de 47.000 soldados no Japão. A
preocupação com o crescente poder militar da China e a rejeição da
população local motivaram o reposicionamento das tropas
Estados Unidos e Japão anunciaram nesta sexta-feira a retirada de 9.000
fuzileiros navais do exército americano da ilha de Okinawa, no sul do
arquipélago japonês, onde a presença militar estrangeira é cada vez
menos aceita pela população. As tensões entre os militares americanos e
os moradores da ilha vêm crescendo desde o estupro de uma garota de 12
anos por três marines em 1996.
"Em torno de 9.000 fuzileiros, acompanhados de suas famílias, serão
retirados de Okinawa", informa um comunicado conjunto publicado nesta
sexta-feira, em Tóquio. Os soldados serão enviados às ilhas americanas
de Guam e Hawaii, no Pacífico, e à Austrália. O acordo sobre a retirada
dos fuzileiros navais ocorre antes da visita a Washington, na próxima
semana, do primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda.
A medida faz parte da nova estratégia global americana,
que prevê um reposicionamento de forças na Ásia, especialmente para
apoiar Austrália, Filipinas e Cingapura diante do crescente poder
militar da China. Washington e Tóquio, no entanto, não avançaram na
polêmica questão da base aérea de Futenma, também em Okinawa, que
enfrenta a rejeição da população local. A forte presença militar
americana na ilha, onde está metade do contingente de 47.000 homens dos
EUA no Japão, é um foco de tensão entre os dois países.
Coreia do Norte - A retirada dos 9.000 soldados
americanos acontece após semanas de tensão na região, que antecederam o
lançamento de um foguete norte-coreano. A manobra causou preocupação na
Ásia e deixou tropas dos EUA, do Japão e da Coreia do Sul em alerta. Mas
diante do fracasso da empreitada de Pyongyang –o artefato caiu no mar logo após o lançamento –, a tensão no arquipélago diminuiu.
RIO DE JANEIRO - Os Estados Unidos estão dispostos a transferir
tecnologia militar ao Brasil para poder contar com o país como um aliado
estratégico que o ajude a garantir a segurança do continente americano,
afirmou nesta quarta-feira, 25, o Secretário de Defesa dos EUA, Leon
Panetta, no Rio de Janeiro.
Silvia Izquierdo/AP
O Secretário de Defesa Leon Panetta (D) e o embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon
Em
pronunciamento para oficiais brasileiros na Escola Superior de Guerra,
Panetta se comprometeu a realizar todos os esforços possíveis para
facilitar a transferência de tecnologia ao país com o qual deseja uma
"associação militar inovadora".
O anúncio foi uma resposta às reivindicações feitas na terça-feira,
24, pelo ministro de Defesa brasileiro, Celso Amorim, que em entrevista
coletiva concedida em Brasília após se encontrar com seu colega
americano, se queixou de que os Estados Unidos vendem equipamentos
militares ao Brasil, mas restringem o acesso à tecnologia.
"Há vezes em que os Estados Unidos têm um controle, eu diria que
exagerado, sobre suas tecnologias militares, mas estamos dispostos a
compartilhar mais com o Brasil", afirmou o secretário americano, que
realiza uma viagem por países sul-americanos que já o levou à Colômbia e
será concluída no Chile.
Ele acrescentou que essa transferência será facilitada pela aliança
estratégica que os países estão construindo já que o Brasil passará a
ser considerado como "nação aliada" dos Estados Unidos.
O responsável pelas Forças Armadas da maior potência militar mundial
disse que, apesar das restrições, os EUA aprovaram entre 2010 e 2011
cerca de 4 mil licenças de exportação de equipamentos controlados e
continuarão apoiando os "bons aliados e amigos".
"Os Estados Unidos e o Brasil têm que aumentar o comércio de altas
tecnologias nos dois fluxos e com transferência de tecnologia", disse
Panetta, cuja agenda no Rio de Janeiro também incluiu a entrega de uma
oferenda no Monumento aos Heróis da Segunda Guerra Mundial.
O secretário mencionou especificamente o caso dos caças Super Hornet
F/A-18 e disse que os Estados Unidos transferirão a tecnologia destas
aeronaves caso o Brasil faça com a americana Boeing um contrato de
compra desses aviões militares.
Na licitação brasileira para a compra dos 36 aviões de combate também
participam a companhia francesa Dassault, com seus caças Rafale, e a
sueca Saab, com o modelo Gripen.
"O Congresso já garantiu total apoio para que os Estados Unidos
compartilhem a tecnologia dessas aeronaves caso o Brasil as adquira. É
um monopólio que só damos a nossos aliados mais próximos", afirmou.
Panetta disse que os Estados Unidos querem acordos de cooperação
militar com o Brasil por considerar que o país é um aliado estratégico
para ajudar a garantir a segurança regional.
O secretário americano veio ao Brasil para participar ao lado de
Amorim da primeira reunião do comitê binacional de cooperação em
assuntos de defesa, cuja criação foi estipulada há três semanas em
Washington entre o presidente dos EUA, Barack Obama, e a presidente
Dilma Rousseff.
"Vemos o Brasil como um país que está assumindo o papel que lhe
corresponde como líder global e por isso queremos uma associação
diferente às que tínhamos antes", afirmou.
O secretário admitiu que seu país tinha a impressão de que poderia
garantir a segurança hemisférica sem nenhuma ajuda e que hoje, para
poder concentrar seus esforços em outras regiões com crise como o
Oriente Médio e Ásia, quer alianças com países do continente americano
com os quais compartilha valores.
"Hoje sabemos que um Brasil mais forte militarmente e mais
comprometido como líder global pode cooperar e por isso queremos
ajudá-lo a desenvolver sua capacidade para garantir segurança,
compartilhar exercícios e tecnologias", disse.
Panetta afirmou que o Brasil e os Estados Unidos têm desafios comuns
no continente, entre os quais mencionou o narcotráfico e a atenção aos
desastres nucleares, e disse que a melhor forma de enfrentá-los é com
uma ação conjunta.
Ele acrescentou que a base da associação militar que os países
desejam construir é precisamente o interesse comum de querer garantir a
paz e a segurança mundial neste século.
Potências nucleares travam corrida armamentista pela supremacia na região
Cerimônia de troca de guarda na fronteira entre Índia e Paquistão
(Aman Sharma / AP)
Uma semana depois da Índia testar o seu primeiro míssil nuclear,
foi a vez do Paquistão responder ao rival histórico e realizar um
exercício nesta quarta-feira com o míssil balístico de longo alcance
Shaheen 1A. De acordo com um comunicado emitido pelas autoridades do
país, a manobra foi bem-sucedida.
O projétil paquistanês pode transportar cargas convencionais ou
nucleares. O governo do país, no entanto, não detalhou o alcance exato
do míssil, mas especialistas acreditam que ele poderia atingir alvos a
3.000 km. O artefato lançado pela Índia no último dia 19 de abril tem
raio de ação de 5.000 km, podendo atingir quase todos os pontos da Ásia e
Europa Oriental.
Rivalidade - Potências nucleares, Islamabad e Nova
Délhi permanecem envolvidos em uma corrida armamentista pela supremacia
militar no Sul da Ásia. As duas nações vizinhas travam uma disputa
diplomática pela região da Caxemira e travaram três guerras, em 1947,
1965 e 1971, além de alguns conflitos armados menores, desde que
alcançaram a independência, há 65 anos, após a divisão do subcontinente
indiano pela Grã-Bretanha.
8 estados do Nordeste e Minas Gerais serão beneficiados por carros-pipas. Pagamentos emergenciais serão feitos por meio do cartão de Defesa Civil.
Marina Fontelene e Priscilla MendesDo G1 SE e do G1, em Brasília
O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, anunciou
nesta segunda-feira (23), em Aracaju (SE), que o governo federal vai
disponibilizar R$ 2,723 bilhões para ações emergenciais de combate a
seca e ajuda às populações atingidas pela estiagem no Nordeste e em
Minas Gerais.
Segundo Fernando Bezerra, mais de 1.100 municípios deverão sofrer os
efeitos da estiagem nos próximos meses. Os recursos serão
disponibilizados nos próximos dias através de créditos adicionais no
Orçamento e repasses para o Fundo do Nordeste.
Os investimentos serão para três programas existentes - Águas para
Todos, Garantia Safra, Bolsa Estiagem - e mais R$ 164 milhões para a
contratação de carros-pipas. Os valores para os carros-pipas serão
direcionados ao Exército, que é responsável pela operação dos
carros-pipas.
O Águas para Todos, segundo o Ministério da Integração Nacional, terá
R$ 799 milhões antecipados, para aplicação até dezembro deste ano. As
ações incluem instalação de 32 mil cisternas, 2.400 sistemas
simplificados de abastecimento, 1.199 barreiros e 2.400 poços. Só para
recuperação de poços serão investidos R$ 60 milhões.
A
presidente Dilma Rousseff, durante reunião com governadores em Aracaju
(SE), para tratar da seca no Nordeste (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)
O programa, que integra o Plano Brasil Sem Miséria, tem como objetivo
garantir o acesso à água para as populações rurais e em situação de
extrema pobreza, seja para o consumo próprio ou para a produção de
alimentos e a criação de animais. Até junho, serão beneficiadas famílias
dos nove estados nordestinos (AL, BA, CE, MA, PB, PE, PI, RN e SE) e de
parte de Minas Gerais.
O Garantia Safra receberá R$ 500 milhões em ações voltadas para
agricultores familiares que sofrem perda de safra por motivo de seca ou
excesso de chuvas. O foco do programa são municípios em que forem
detectadas perdas de, pelo menos, 50% da produção de algodão, arroz,
feijão, mandioca, milho ou outras atividades agrícolas de convivência
com o semiárido.
Em outra frente, o governo vai liberar R$ 200 milhões dentro do
programa Bolsa Estiagem, que dá um um auxílio de R$ 400,00 para cada
família residente em municípios que tenham decretado estado de
calamidade ou situação de emergência motivados pela estiagem e que não
estejam cobertos pelo Garantia Safra. O valor é disponibilizado por meio
de cartão de pagamento em cinco parcelas de R$ 80,00.
O ministro da Integração, Fernando Bezerra Coelho,
e o secretário do Ministério de Ciência e Tecnologia,
Carlos Nobre (Foto: Marina Fontenele/G1)
Crédito
Além desses desembolsos, o governo vai disponibilizar R$ 1 bilhão em
crédito para apoiar produtores rurais, sobretudo àqueles ligados a
pecuária leiteira, ovinocultura, além de comerciantes e setores da
indústria prejudicados. A liberação será feita por meio do Fundo
Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).
O limite de crédito varia de R$ 12 mil a R$ 100 mil, com juros de até
3,5%. Serão beneficiados pelo Banco do Nordeste os empreendimentos de
municípios com decreto de situação de emergência reconhecido pela
Secretaria Nacional de Defesa Civil.
De acordo com a Secretaria Nacional de Defesa Civil, os estados da
Bahia, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe somam cerca de
250 municípios em situação de emergência em razão das secas e da
estiagem. Só na Bahia, são mais de 170 cidades. Em Sergipe, onde as
medidas foram apresentadas, são 18 municípios.
Presidente deve anunciar medidas do governo em encontro em Aracaju. SE, PI, BA e RN têm ao menos 32 municípios em situação de emergência.
Priscilla MendesDo G1, em Brasília
A presidente Dilma Rousseff se reunirá nesta segunda-feira (23) com
governadores de estados do Nordeste atingidos pela seca e deverá
anunciar medidas de ajuda do governo federal. O encontro será em
Aracaju, capital de Sergipe, estado que tem 18 municípios em situação de
emergência devido à estiagem.
Segundo a Secretaria Nacional de Defesa Civil, os estados de Sergipe,
Piauí, Bahia e Rio Grande do Norte têm, juntos, ao menos 32 municípios
em situação de emergência devido à seca e à estiagem.
Os estados deverão levar suas demandas à presidente e apresentar à
Defesa Civil um plano de trabalho, para que a União possa disponibilizar
verbas. O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, reuniu-se
duas vezes com Dilma na sexta-feira (20) para discutir detalhes da
reunião.
Os nomes dos governadores que participarão da reunião com Dilma e com o
ministro ainda não foram confirmados pela assessoria de imprensa do
Palácio do Planalto.
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, será um dos presentes.
Segundo a assessoria de imprensa, o encontro foi acertado na última
quinta-feira (19), após a presidente telefonar para Campos para obter
informações sobre as consequências da estiagem no estado.
"O quadro é muito grave. O sertão fechou o seu ciclo tradicional de
chuvas com 30% apenas da média anual e a meteorologia nos diz que o
Agreste não terá um bom inverno", diz Eduardo Campos, por meio de nota. Agenda da semana
Além do encontro com governadores em Aracaju na tarde desta
segunda-feira (23), Dilma terá mais um compromisso em Sergipe. Na cidade
de Rosário do Catete, a 30 km da capital, ela participa da cerimônia de
contrato de arrendamento de reservas de potássio entre a Petrobras e a
Vale.
A petroleira arrendou à mineradora, por prazo de 30 anos, o direito de
explorar potássio em uma região que também possui petróleo. Esse projeto
– chamado Carnalita – é um dos principais tocados pela Vale destinado à
produção de fertilizantes.
Na terça-feira (24), de volta a Brasília, Dilma anuncia investimentos
do PAC Mobilidade Urbana – Grandes Cidades, durante cerimônia no Palácio
do Planalto.
Para quinta-feira (25), há a previsão de que a presidente viaje para a
cidade do Rio de Janeiro, onde participará da comemoração de 1,5 milhão
de beneficiados do programa de erradicação da pobreza, Brasil sem
Miséria, no estado. O número é resultado da integração dos programas
Renda Melhor, Cartão Família Carioca e Bolsa Família.
À tarde, na cidade São João da Barra, deverá acompanhar a primeira
extração de óleo pela OGX no Superporto do Açu. A OGX é uma empresa
brasileira de óleo e gás natural controlada pelo grupo EBX, do
empresário Eike Batista.
Em um surto nacionalista, a presidenta
Cristina Kirchner expropria ações da petroleira YPF que pertenciam aos
espanhóis da Repsol, alimenta o crescente ufanismo do país e provoca
revolta na comunidade internacional
Mariana Queiroz Barboza
UFANISMO
Militantes peronistas tomaram as ruas de
Buenos Aires após o anúncio da presidenta
Ao anunciar a reestatização da petroleira YPF, em um salão da Casa
Rosada, a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, viveu um momento
de glória. Assim que o discurso terminou, governadores das províncias,
militantes peronistas e até políticos de oposição se uniram em uma
calorosa sinfonia de aplausos. “Somos o único país da América Latina, e
eu diria quase do mundo, que não maneja seus recursos naturais”, disse
Cristina. Em seguida, como se presenciassem uma emocionante partida de
futebol da seleção, os presentes levantaram os braços e entoaram
cânticos nacionalistas – cena que parecia deslocada no tempo, por
lembrar os excessos ufanistas do passado. Horas depois, manifestantes
foram à Plaza de Mayo comemorar o surpreendente projeto de lei. Entre
outros absurdos, ele prevê a expropriação de 51% das ações da YPF que
pertenciam aos espanhóis da Repsol. A onda de patriotismo que varre a
Argentina, que nos últimos meses reabriu a discussão sobre a soberania
das Ilhas Malvinas, escolheu agora o capital estrangeiro como novo alvo.
De uma nação autossuficiente para um país importador de petróleo, a
Argentina comprou no exterior quase US$ 10 bilhões em combustíveis no
ano passado. E a culpa foi creditada na conta da Repsol. “Esse ato não
ficará impune”, disse Antonio Brufau, presidente da companhia espanhola.
Principal investidor estrangeiro na Argentina, a Espanha aplicou no
país US$ 23,2 bilhões em 2010 (último dado disponível) e historicamente
desempenha papel importante no comércio bilateral. Como a Argentina
sofre com a desconfiança do mercado internacional por causa do calote da
dívida pública em 2001, a busca por um superávit comercial é obsessão
do governo. Nesse sentido, o saldo entre os dois países favorece a
Argentina, que, em 2011, exportou US$ 1,4 bilhão a mais do que importou.
Assim, uma das formas de atingir os hermanos seria restringir as
importações, com o apoio da União Europeia. A segunda alternativa é pelo
confronto direto no Banco Mundial. A Repsol, que perderá 25% de sua
receita sem a filial argentina, sinalizou que entrará na Justiça para
obter uma compensação.
Após uma avaliação de seus ativos no país, em que considera o valor
de cada ação da YPF US$ 46,55 (agora vale menos de um terço disso), a
Repsol quer um pagamento de US$ 10,5 bilhões. Se o governo argentino
aceitasse essa condição, a forma com que estatizou a companhia seria
esquecida pelos espanhóis. Tudo indica, no entanto, que o valor pago
estará bem abaixo do requisitado. “Bobos são os que pensam que o Estado
deve ser estúpido e cumprir o que diz a empresa”, disse o vice-ministro
de Economia argentino e mentor do projeto de expropriação, Axel
Kicillof. O jovem economista de 41 anos e olhos azuis tem cada vez mais
poder dentro do governo e parece cultivar um discurso agressivo com a
mesma dedicação que o faz com sua farta costeleta. Segundo ele, a YPF é
dona de uma dívida de US$ 9 bilhões, além de passivos ambientais. Sobre o
presidente da Repsol, afirmou: “É um empresário que aplica políticas
inescrupulosas. O que fez foi uma extorsão. Operava para que os preços
do petróleo subissem e baixou a produção porque acreditava que os preços
internacionais aumentariam.”
Os pesquisadores do setor energético pensam de forma diferente. “O
controle interno do preço do petróleo é o maior problema para as
empresas, pois cria uma situação artificialmente mantida pelo governo,
prejudicando a rentabilidade e desestimulando os investimentos”, diz
Carlos Belem, diretor da consultoria IES, especializada em energia. “A
conta não fecha.” De acordo com Belem, há mais de dez anos os geólogos
já alertavam a Argentina de que a curva de consumo ultrapassaria a da
produção em pouco tempo. Desde 2001, a produção de petróleo no país não
para de cair. No ano passado, pela primeira vez na história recente, a
balança comercial do setor apresentou déficit (de US$ 3,4 bilhões).
Apesar disso, a Argentina mantém uma das maiores reservas de recursos
não convencionais. A bacia de Vaca Muerta, descoberta pela Repsol em
2011, foi comparada ao pré-sal brasileiro em abundância, mas também no
alto custo de exploração.
O surto intervencionista de Cristina a colocou na última semana no
mesmo patamar de seus companheiros latino-americanos Evo Morales,
presidente da Bolívia, e Hugo Chávez, presidente da Venezuela. Em 2006, a
nacionalização dos combustíveis na Bolívia, que obrigou a venda de duas
refinarias da Petrobras, criou um imbróglio diplomático com o Brasil.
Chávez, que fez o mesmo no ano seguinte, parabenizou a presidenta
argentina pela medida contra a Repsol. Cristina tem experiência no
assunto. Ao lado do ex-marido, Néstor Kirchner, ela participou dos
processos de reestatização de grandes empresas, como os Correios, a
companhia aérea Aerolíneas Argentinas e as Minas de Carvão Río Turbio.
Como coerência não é o forte da política latino-americana, o casal
peronista havia apoiado as privatizações dessas empresas, realizadas nos
anos 1990 durante o governo de Carlos Menem, que, hoje senador,
tampouco criticou essa reversão.
Recentemente, o governo argentino entrou em confronto com outras duas
grandes empresas estrangeiras. A primeira foi a Petrobras, que teve sua
concessão cassada na província de Neuquén (que tem autonomia para as
concessões petrolíferas). Em seguida, a subsidiária da americana Bunge
teve seu registro suspenso pelo Fisco argentino e seus bens embargados
pela Justiça. A acusação é a mesma sofrida por outras companhias do
setor de agronegócios: evasão fiscal. Com essa trajetória, a economia
argentina, que tem apresentado forte desaceleração combinada a altas
taxas de inflação, vai mal. “Parece que entramos em uma escalada
protecionista, em que os argentinos estão à frente, mas não estão
sozinhos”, disse à ISTOÉ Craig VanGrasstek, professor de política
comercial na Universidade de Harvard e dono da consultoria Washington
Trade Reports. “E isso é muito preocupante.”
Leon Panetta ainda passará por Colômbia e Chile em tour pela América do Sul
Leon Panetta, secretária de Defesa dos Estados Unidos (Scott Olson / AFP)
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, viajará na próxima semana a Colômbia, Brasil e Chile, informou nesta sexta-feira o porta-voz do Pentágono, George Little.
Panetta fará sua primeira viagem à região como titular do Pentágono entre 23 e 27 de abril, embora já tenha visitado a América Latina quando era diretor da CIA.
Em declarações aos jornalistas, Little disse que a equipe de segurança que acompanhará Panetta, em sua maioria pessoal militar, não recebeu instruções especiais sobre como comportar-se na viagem pela região.
Little afirmou que não é necessário lembrar a ninguém qual é a conduta devida, após o escândalo com prostitutas na Colômbia na semana passada, que envolveu membros do Serviço Secreto e do Exército dos EUA.
A viagem de Panetta pela América Latina acontece em um momento no qual as Forças Armadas americanas buscam aprofundar os laços com a região, apesar das restrições nas despesas de defesa devido a pressões orçamentárias.
O antecessor de Panetta, Robert Gates, visitou a região em diversas oportunidades, sendo a última delas para participar da conferência de ministros da Defesa das Américas em novembro de 2010 na Bolívia.
"Não
há qualquer movimento, do governo ou de partidos, com o objetivo de
abafar ou tentar controlar o andamento da comissão", disse o deputado
Marco Maia
Terra
O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), disse nesta
quinta-feira que a comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) -
criada para investigar as relações do empresário de jogos de azar Carlos
Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com parlamentares e agentes
públicos e privados - não preservará ninguém.
"Não há qualquer movimento, do governo ou de partidos, com o objetivo de
abafar ou tentar controlar o andamento da CPI. Vamos investigar tudo o
que estiver relacionado às ações de Cachoeira", afirmou.
Maia frisou que, com a criação da comissão nesta quinta-feira, o
calendário combinado entre ele e presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), está em dia. Aprovada com o apoio de 337 deputados e 72
senadores, os líderes dos partidos nas duas Casas terão até terça-feira
para indicar os integrantes da CPMI. O número de parlamentares por
partido dependerá do tamanho das bancadas nas Casas. A partir da criação
da CPMI, os senadores e deputados que assinaram o requerimento só
poderão desistir do apoio e retirar os nomes da lista até a meia-noite.
O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (PT-BA), informou que na
próxima terça-feira, dia em que o PT se reúne semanalmente, serão
definidos os nomes para compor as vagas do bloco de apoio ao governo na
CPMI. Para ele, a partir de quarta-feira a comissão já poderá ser
instalada. Ele acrescentou que iniciados os trabalhos o Congresso poderá
ter acesso a todo o conteúdo das investigações da Polícia Federal nas
operações Vegas e Monte Carlo, que culminaram na prisão de Cachoeira.
O presidente do Democratas (DEM), José Agripino Maia (RN), ressaltou que
toda a investigação terá que começar pelas ações praticadas por
Carlinhos Cachoeira e as pessoas e empresas que compunham o esquema de
exploração de jogos de azar e corrupção comandado por ele. Ele defendeu
que não há como o governo ou a base aliada controlar os trabalhos da
CPMI para "blindar" as investigações.
"Os fatos estão claros. Se tentarem blindar os trabalhos de
investigação, o governo ou os parlamentares da base terão que prestar
contas à sociedade. A cobertura da mídia e a sociedade acompanharão de
perto os trabalhos", disse Agripino. O presidente do DEM disse que o
partido, em combinação com o PSDB, reservará duas suplências das seis
vagas à que têm direito para os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e
Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).
De acordo com a decisão, o ex-banqueiro já cumpriu as exigências estabelecidas pela lei
AE
A Justiça do Rio concedeu indulto e extinguiu a pena do ex-banqueiro Salvatore Alberto Cacciola, que era cumprida em regime semiaberto desde 2011, segundo o Tribunal de Justiça do Rio. A determinação é da juíza Roberta Barrouin Carvalho de Souza, da Vara de Execuções Penais (VEP) do TJ.
De acordo com a decisão, Cacciola já cumpriu as exigências estabelecidas pela lei: "ele tem mais de 60 anos, cumpriu 1/3 da pena e não cometeu falta grave nos últimos doze meses anteriores à concessão do benefício". O ex-banqueiro foi condenado a 13 anos de reclusão por crimes contra o sistema financeiro, segundo o TJ.
Segundo a juíza, que também extinguiu a punibilidade do fato criminoso, "embora o benefício seja ato privativo do presidente da República, de acordo com o art. 84, XII, da CRFB, os juízes devem fazer o exame dos requisitos objetivos e subjetivos previstos no decreto e, estando de acordo com a legislação, outro caminho não há a não ser conceder o indulto".
Cacciola foi condenado em 2005 a 13 anos de prisão por crime contra o sistema financeiro relacionado à operação de socorro irregular do Banco Central ao seu banco, o Marka, que teria causado um prejuízo de R$ 1,5 bilhão aos cofres públicos.
Órgão da Presidência abriu apuração preliminar. Empresa que vendeu embarcações ao Ministério da Pesca fez doação ao PT durante campanha da ministra
Gabriel Castro
A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti (Wilson Dias/ABR)
A Comissão de Ética da Presidência abriu, nesta segunda-feira, um procedimento para investigar a atual ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvati. Há dois anos, quando era ministra da Pesca, a petista ordenou o pagamento de 31 milhões de reais para a compra de 28 lanchas inadequadas para a atividade exercida pelo órgão. O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou que boa parte das lanchas estava fora de operação.
O pagamento beneficiou a Intech Boating, empresa que havia doado, em 2010, 150 000 reais para o PT de Santa Catarina, reduto político da ministra. Esse diretório do partido, por sua vez, bancou a maior parte da campanha de Ideli ao governo de Santa Catarina naquele ano.
O TCU detectou superfaturamento na transação, feita entre 2009 e 2010. A ministra Ideli Salvatti nega envolvimento em irregularidades e afirma que o processo de compra foi ordenado por seu antecessor, Altemir Gregolin – também ligado ao PT catarinense. A decisão da Comissão de Ética atende um pedido do PSDB.
A investigação, por enquanto, é de caráter preliminar. Se o colegiado concluir que há indícios de irregularidade na conduta de Ideli, será aberto processo contra a ministra. Na semana passada, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmaraaprovou a convocação de Ideli para tratar do assunto.
Aumentam os casos de agressão física e psicológica a docentes brasileiros nas escolas particulares e nas universidades
Rachel Costa
"Ainda sinto medo de dizer não a um aluno e ser agredida" Glaucia Teresinha da Silva, que sofreu traumatismo craniano após ser empurrada por uma estudante
O que era para ser uma corriqueira entrega de provas virou um bate-boca intimidador seguido de agressão física. Descontente com a nota, a estudante abriu mão dos argumentos acadêmicos para contestar a correção e avançou sobre a professora Christiane Souza Alves durante a aula. “Ela usou xingamentos de baixo calão, veio atrás de mim quando eu saí da sala e me empurrou”, diz Christiane, que, após 13 anos de docência, passou um semestre sendo acompanhada no trajeto da instituição de ensino para sua casa, teve princípio de síndrome do pânico e começou a tomar antidepressivos. Seria mais um triste episódio a engrossar as estatísticas de violência nas salas de aula, não fosse a mudança de cenário.
A economista Christiane é professora universitária, ambiente onde tem aumentado o número de agressões a docentes, do mesmo modo que nas escolas da rede particular de ensino. “Ela gritou: ‘Você é paga para concordar comigo.’”, diz Christiane. A estudante em questão, uma jovem de 20 anos, continua na universidade. Foi apenas proibida de assistir às aulas de Christiane. “A relação professor-aluno acabou”, afirma a professora, que pediu para não identificar a instituição em que teve problemas.
EXEMPLO Irmã de um professor assassinado por um aluno em 2010, Sandra comanda a execução de um projeto contra a violência em escolas em Betim (MG)
Em Minas Gerais, onde Christiane leciona, quase metade das queixas recebidas pelo disque-denúncia contra abusos vem da rede privada. O serviço, pioneiro no Brasil, foi criado no último ano, em resposta à morte do professor Kassio Vinicius Castro Gomes, em dezembro de 2010. Ele foi morto a facadas no corredor principal do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, uma tradicional instituição de ensino superior da capital mineira com mensalidades que rondam a casa dos R$ 1 mil. Professores sem autoridade, alunos com excesso de poder e coordenações escolares omissas formam a bomba-relógio da violência escolar. “As salas de aula estão mais violentas, pois a própria sociedade também está”, afirma a pesquisadora Jussara Paschoalino, autora do livro “Professor Desencantado: Matizes do Trabalho Docente” (Armazém de Ideias, 2009). “As agressões contra o professor surgem de várias partes, mas o maior desgaste que percebo é com relação aos alunos.” Essa mesma impressão foi captada por um estudo feito pela International Stress Management Association (Isma-BR). Dos mil professores ouvidos, 46% indicaram como principal fonte de estresse a indisciplina dos estudantes – que muitas vezes ganha eco na omissão dos pais. “Os docentes estão mais vulneráveis à agressão que outras profissões”, considera Ana Maria Rossi, presidente do Isma-BR. Basta lembrar que, sozinhos, eles têm de manter sob controle turmas de até 40 pessoas. E o risco independe da idade de quem ocupa a carteira. “Só nos últimos dez dias recebemos três denúncias de ameaças contra professores de universidades mineiras. Isso acende o alerta também nesse nível de ensino”, afirmou o presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais, Gilson Reis, em entrevista à ISTOÉ, na segunda-feira 9.
Pouco a pouco, a preocupação invade a pauta dos sindicatos de vários Estados. No Rio de Janeiro, depois de iniciar uma campanha incentivando os professores a cuidarem da voz, o órgão de classe percebeu que os distúrbios na fala eram, em grande parte dos casos, apenas reações físicas a problemas bem mais complexos, de cunho emocional. A constatação mudou o eixo do trabalho. “Ampliamos a mobilização para o tema da saúde mental dos professores”, diz o presidente do órgão, Wanderley Quedo. Psicólogos foram treinados para atender os docentes e o sindicato criou um portal, o saudedoprofessor.com.br. Iniciativa semelhante é mantida pelo Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro-RS) desde 2008. Roséli Cabistani, professora da universidade federal do Estado e assessora do núcleo de atendimento ao professor do Sinpro-RS, chama a atenção para uma questão comum no discurso dos docentes que participam das rodas de conversa promovidas pelo sindicato: a desvalorização da profissão. A ideia ganha fôlego diante do baixo salário da categoria, cujo piso nacional hoje é de R$ 1.451 para 40 horas semanais. “O aluno vem sendo amparado em um discurso no qual é difícil admirar o professor, porque ele ganha pouco e, dentro dessa lógica, quem ganha pouco vale pouco”, fala Roséli.
“Depois de ser xingada por um grupo de alunas no Orkut, desisti de dar aulas” Etiene Selbach Silveira, ex-professora
Desvalorizado financeiramente e socialmente, resta ao docente um sentimento de abandono. “O professor tem de se virar na sala de aula para ensinar e para tomar cuidado com o que pode acontecer ali dentro”, diz F., 28 anos. Ele dá aulas de educação física na rede pública de Vespasiano, região metropolitana de Belo Horizonte, e já teve de sair escoltado do colégio por um policial após ser ameaçado por um aluno. O garoto, depois de ser repreendido pelo professor por causa do comportamento violento durante o treino de basquete, voltou ao colégio acompanhado por uma turma de não alunos para “acertar as contas”. F. conseguiu contornar a situação e continuou dando aulas na mesma escola, mas pede para não divulgar sua identidade. Nem todos, porém, superam o susto e seguem na carreira. Colega de profissão de F., a professora gaúcha Etiene Selbach Silveira, 43 anos, tirou seu time de campo, após 21 anos de magistério, quando descobriu agressões virtuais perpetradas por um grupo de sete estudantes do Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho, onde dava aula. “Meu mundo caiu. Nunca tinha tido problema com alunos e nem sabia o que era Orkut quando descobri que elas tinham criado uma comunidade falando mal de mim”, relembra ela, que é filha e irmã de professoras. Passado o choque, reclamou no sindicato e na direção da escola. A comunidade saiu do ar em dois dias, mas, para espanto de Etiene, ela recebeu a carta de demissão poucos meses depois. “Depois disso desisti”, conta ela, que trabalha com vendas. Casos como o de Etiene, em que o professor é preterido pela direção da escola, são comuns na rede privada. “Nos colégios particulares, se alguém não gosta de algo, o professor é demitido”, diz Cecília Farias, diretora do Sinpro-RS.
Para tentar mudar as regras do jogo, até agora bem desfavoráveis ao professor, foi proposto um projeto de lei prevendo medidas protetivas para os casos de violência contra docentes (o PL 191 de 2009). “O PL não foi bem aceito pelos congressistas e está encalhado”, critica o autor da proposta, o senador Paulo Paim (PT-RS). Situação semelhante acontece na vizinha Argentina. Por lá, a procura pela União dos Docentes Argentinos (UDA) para relatar casos de agressão contra professores cresceu 20% só no último ano. Preocupado, o órgão propôs um projeto de lei, mas, assim como no Brasil, a iniciativa também não foi adiante. “O Poder Executivo e o Congresso Nacional argentinos ainda não reconheceram o problema da violência contra os professores na escola”, disse à ISTOÉ Sérgio Romero, secretário-geral da UDA. E a questão não está restrita aos países em desenvolvimento. Na Inglaterra, pesquisa recém-divulgada pela Associação dos Professores registrou que um terço dos tutores e funcionários de escolas já havia tido contato com violência física dentro das instituições de ensino. Nos Estados Unidos, a Associação Americana de Psicologia montou em 2008 uma força-tarefa para pesquisar os impactos das agressões contra professores. Nos cálculos fechados pelo grupo, o problema custa aos cofres americanos US$ 2 bilhões por ano.
"O professor tem de se virar na sala de aula para ensinar e para tomar cuidado com o que pode acontecer ali dentro" F., professor de educação física, que teve de sair escoltado do colégio após ser ameaçado por um aluno
O cenário é desolador, mas algumas iniciativas dão esperanças. Em Minas Gerais, o professor Kassio Gomes, citado no início da matéria, tornou-se nome do projeto de combate à violência nas escolas desenvolvido na Prefeitura de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. À frente está a irmã do docente morto, a também professora e hoje secretária de Educação do município, Sandra Gomes. “A morte do Kassio foi um choque, ele tinha um convívio ótimo com os alunos”, diz Sandra. No Rio Grande do Sul, a homenagem da Secretaria de Estado de Educação no último ano à educadora Glaucia Teresinha da Silva pôs um ponto final a um triste episódio. Em 2009, ela sofreu traumatismo craniano após ser empurrada violentamente por uma estudante da Escola Estadual Bahia. Voltar a dar aula foi um processo delicado, tanto pelas sequelas psicológicas quanto pelo impacto físico da agressão – Glaucia foi obrigada a usar muletas durante vários meses. “Ainda sinto medo de dizer não a algum aluno ou simplesmente chamar a atenção em sala de aula”, diz. Mesmo assim, ela decidiu retomar a carreira e, à frente de uma turma em processo de alfabetização, desenvolveu um projeto de livro colaborativo escrito pelos estudantes, que se tornou uma espécie de “boa prática” dentro da rede de ensino gaúcha. “Só esse reconhecimento já me motivou a fazer outros projetos e a reacreditar na educação.” Provas de que é possível dar respostas lúcidas às situações de violência, erguendo a bandeira branca no campo de guerra que têm se tornado as salas de aula.
A Delta Construções é uma das maiores empreiteiras do Brasil. Num ranking elaborado pelo setor em 2010, ela ocupava o sexto lugar, com um faturamento anual de R$ 3 bilhões. A Delta foi fundada em 1961, no Recife, em Pernambuco, pelo empresário Inaldo Soares, e sua ascensão é recente. Começou em 1996, quando o filho de Soares, o engenheiro Fernando Cavendish, que abandonara o ramo de confecções, assumiu os negócios. Cavendish revelou-se um especialista em vencer licitações em órgãos públicos. No governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a Delta transformou-se na empreiteira com mais negócios no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Há três anos, é a empresa que mais recebe dinheiro do governo federal (leia o quadro abaixo). A empreiteira é agora investigada pela Polícia Federal (PF), por suspeita de envolvimento com o bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Documentos e escutas obtidos com exclusividade por ÉPOCA dão uma ideia da proximidade entre a Delta e Cachoeira. De acordo com as investigações da Polícia Federal nas últimas semanas, já se sabia que Cachoeira trabalhara para indicar para o governo de Brasília nomes de pessoas favoráveis à Delta. Os novos documentos mostram que ele foi mais longe em sua defesa dos interesses da empresa. Outra linha de investigação tenta decifrar o acesso que Cachoeira tinha aos escalões superiores da Delta. Ao longo do processo, a Delta vem alegando que Cachoeira tinha contato apenas com um dos funcionários da empresa, o diretor Cláudio Abreu. Segundo a Polícia Federal, as novas investigações trazem vários indícios de que o principal executivo da empresa, Carlos Pacheco, esteve próximo de Cachoeira por intermédio de Abreu. Independentemente do interlocutor, a PF já sabe que cerca de R$ 39 milhões saíram dos cofres da Delta para empresas fantasmas controladas por Cachoeira.
O rosto mais conhecido da Delta é Cavendish, presidente do Conselho. Pacheco conduz o dia a dia da Delta. Mora num hotel no centro do Rio de Janeiro, de segunda a quinta-feira, para trabalhar na Delta. Às sextas-feiras, volta para a casa da família no Recife. Pacheco é identificado pela Polícia Federal e por Cláudio como o “chefe”, mencionado em algumas conversas da organização.
Numa gravação do dia 1º de junho do ano passado, Abreu e Cachoeira tentam marcar uma reunião entre o senador Demóstenes Torres (sem partido) e Pacheco, em Goiânia. A polícia acredita que eles tratavam de um negócio envolvendo uma subsidiária de uma grande construtora. “Vê se o Demóstenes dá pra ele (sic) chegar aqui umas três, quatro horas no máximo, pra gente bater o martelo com o Pacheco no assunto”, diz Cláudio. Cachoeira cobra de Abreu pagamentos atrasados de Pacheco. “Amanhã você dá uma cacetada no Pacheco porque não entrou nada, viu? Tudo atrasado”, diz Cachoeira. Abreu propõe a Cachoeira que Pacheco se torne sócio do bicheiro num empreendimento relacionado ao programa habitacional Minha Casa Minha Vida, do governo federal. Comenta que viajará com Pacheco no avião de Cachoeira. Em outro diálogo, Abreu pergunta se Cachoeira quer “encontrar com o chefe”. Cachoeira pergunta se é com o “governador”. Abreu diz “com o Fernando”. Segundo a PF, trata-se de Fernando Cavendish, o dono da Delta.
O ex-vereador de Goiânia Vladmir Garcez (PSDB) foi preso na operação Monte Carlo por ser um dos principais assessores de Cachoeira na organização criminosa. Garcez é investigado pela PF como outro elo entre a cúpula da Delta e os negócios conduzidos por Abreu e Cachoeira. O presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Rincón, afirma que Garcez representava os interesses da Delta no órgão. “Ele esteve mais de 30 vezes por lá. Inclusive já tive uma reunião na Agetop e um almoço com Pacheco, Cláudio Abreu e ele (Garcez) para tratar de assuntos de interesse da Delta”, diz Rincón. “Todo mundo sabia que Garcez representava a Delta na Agetop.” Em pouco mais de um ano, a Delta fechou contratos superiores a R$ 150 milhões com o governo de Marconi Perillo (PSDB) em Goiás.
Cavendish, o dono da Delta, cultiva boas relações na política. É amigo do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Entre 2006 e 2011, a Delta firmou contratos no valor de R$ 1 bilhão com o governo fluminense. No ano passado, Cabral foi ao aniversário de Cavendish num resort em Trancoso, na Bahia. A viagem se tornou pública porque um helicóptero que transportava os convidados caiu, e sete pessoas morreram. Entre elas estavam a namorada de um dos filhos de Cabral e a mulher de Cavendish.
O envolvimento da Delta com Cachoeira passa pelo Distrito Federal. A Delta é acusada de usar um documento falso para conseguir um contrato com o governo. Em 2009, a empresa apresentou ao governo do DF os documentos para participar de uma concorrência pública feita pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU). A Delta disputava um contrato para coleta e varrição de lixo em Brasília. E venceu. Desde então, mantém dois contratos, que podem render R$ 472 milhões até 2015. O resultado da disputa é questionado na Justiça Federal. A PF investiga indícios de falsificação no documento apresentado pela Delta.
ÉPOCA teve acesso aos laudos feitos por peritos criminais a pedido do delegado Hugo Haas. Eles identificaram inconsistências no atestado apresentado pela Delta. Trata-se de um atestado de capacidade técnica, peça fundamental para conseguir contratos públicos. Nele, um cliente afirma que a empresa tem capacidade de cumprir determinada tarefa. Os peritos afirmam que o atestado de quatro páginas, assinado por Jair Correia Júnior, presidente da Agência de Serviços Públicos de Palmas, Tocantins, e entregue pela Delta em Brasília, sofreu alterações. A primeira constatação é que houve adulteração física. As páginas 2 e 3 têm textos impressos com letras de tamanhos diferentes das demais. Isso sugere, segundo a perícia, que elas tenham sido impressas em momentos distintos. A polícia também detectou que os dados no documento não correspondem à realidade. O atestado informa que a Delta presta uma quantidade de serviços superior à que prestaria na realidade. Também foram incluídos dados que não faziam parte do contrato da empresa com a prefeitura de Palmas. Os dados foram incluídos, principalmente, nas páginas 2 e 3 – as mesmas que, segundo os peritos da polícia, foram impressas em momento distinto das demais. “Com base nessas informações, pode-se afirmar que o atestado não reflete a realidade observada na prática”, diz a PF.
Mesmo depois de vencida a disputa, a Delta enfrentou problemas em Brasília. Escutas telefônicas feitas pela PF mostram que a turma de Cachoeira atuou com força para defender os interesses da empresa, logo após a eleição do governador Agnelo Queiroz (PT). No dia 30 de dezembro de 2010, dois dias antes da posse de Agnelo, Cachoeira conversou com o então diretor da Delta no Centro-Oeste, Abreu, e com o sargento Idalberto Matias, o Dadá, um dos arapongas da organização. Os três articulavam uma conversa do senador Demóstenes (então no DEM) com Agnelo. Demóstenes foi escalado e participou do lobby para controlar o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), justamente o órgão para o qual a Delta trabalhava no Distrito Federal.
No encontro, Demóstenes pediria a Agnelo a nomeação do tenente-coronel da Polícia Militar Paulo Abreu para a presidência da SLU. De acordo com as gravações, Paulo Abreu usaria o cargo para beneficiar a Delta. “O governador já está sabendo, entendeu e vai tomar as providências para atender”, diz Dadá para Cláudio Abreu. Apesar do lobby, Paulo Abreu não assumiu o cargo e é hoje investigado pela Polícia Federal. Por intermédio de sua assessoria, Agnelo diz que “jamais foi ventilada” a nomeação de Abreu e negou ter participado de qualquer “reunião privada com Demóstenes”.
A Delta contesta afirmações surgidas das investigações feitas pela PF. Por intermédio de sua assessoria de imprensa, afirmou que os questionamentos sobre a validade dos atestados de capacidade técnica foram feitos por uma das empresas derrotadas na licitação. “A Delta Construção venceu o certame por ter apresentado o menor preço para a execução dos serviços. Todos os questionamentos já foram respondidos no foro judicial”, afirma a empresa. “A prestação de serviços de coleta de lixo no Distrito Federal vem sendo feita regularmente pela empresa, conforme contrato. A excelência desse serviço prestado pela Delta já é, por si, a prova da capacidade técnica da empresa para a prestação desse tipo de serviço. Há decisões judiciais sobre o caso que ainda não transitaram em julgado e sobre as quais cabem recursos.”
A Delta afirma ainda que Fernando Cavendish e Carlos Pacheco foram apresentados a Carlinhos Cachoeira apenas “socialmente”. A Delta nega que o ex-vereador Wladmir Garcez, preso com Cachoeira, tivesse vínculos com a empresa. A Delta, assim como o senador Demóstenes, sustenta não ter tido nenhum contato criminoso com Cachoeira. Diante das informações obtidas pela PF, parece mesmo que os envolvidos falam outro idioma. Aos esforços da polícia, soma-se agora uma comissão parlamentar para descobrir quem não está dizendo a verdade.
As escutas mostram conversas entre o senador e o contraventor Carlinhos Cachoeira, acusado de ser o chefe da máfia dos caça-níqueis de Goiás
Demóstenes Torres (Agência Brasil)
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski negou opedido de liminar feito pela defesa do senador Demóstenes Torres (GO) para anular o inquérito contra o parlamentar. Gravações da Polícia Federal revelam conversas entre o senador e o contraventor Carlinhos Cachoeira, acusado de ser o chefe da máfia dos caça-níqueis de Goiás. Com a decisão de Lewandowski, a investigação contra Demóstenes continua.
A reclamação foi protocolada na terça-feira pelo advogado do senador, Antonio Carlos de Almeida Castro. No pedido, ele argumenta que a competência do Supremo foi usurpada, pois Demóstenes Torres só poderia ser investigado pelo STF por ter foro privilegiado. A investigação em que foram autorizadas as escutas telefônicas das ligações feitas por Cachoeira estava sob os cuidados da Justiça Federal de primeira instância.
Lewandowski solicitou informações aos juízes federais da 11ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de Goiás e da Vara Única da Subseção Judiciária de Anápolis (GO), que autorizaram escutas telefônicas envolvendo o senador.
“O ministro só negou a suspensão do processo, não disse se as provas são válidas ou inválidas”, afirmou o advogado do senador. Ele disse ainda que está estudando o processo contra Demóstenes no Conselho de Ética e entregará a defesa no último dia do prazo, 25 de abril.
Acusações - O parlamentar foi atingido pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal. As autoridades desmontaram uma extensa rede criminosa comandada por Cachoeira. Foram presos policiais militares, civis e federais que participavam do esquema. Mas a maior surpresa veio de conversas entre Demóstenes e o contraventor, interceptadas pelos investigadores. Além de ter recebido do criminoso um presente de casamento no valor de 30 000 dólares, o senador foi flagrado pedindo auxílio financeiro e negociando o uso de um jatinho de Cachoeira.
O chefe da quadrilha também aparece negociando recursos com comparsas e, em vários trechos, cita o nome do parlamentar. Cachoeira chega a falar em "um milhão do Demóstenes". O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ao STF a abertura de um inquérito contra o parlamentar. A corte acatou o requerimento.
"O que tem que ser feito judicialmente está sendo feito. Aqui, eu quero provar minha inocência no mérito", disse o Senador
Terra
Prestes a dar satisfações ao Conselho de Ética sobre uma suposta quebra de decoro parlamentar, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) disse que vai provar sua inocência no processo que pode cassar seu mandato. "O que tem que ser feito judicialmente está sendo feito. Aqui, eu quero provar minha inocência no mérito. Eu o farei, e provarei que sou inocente", disse ele ao chegar ao Senado Federal na manhã desta quinta-feira.
A situação de Demóstenes começou a se complicar após a divulgação de gravações telefônicas que indicavam uma relação próxima entre ele e o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O parlamentar pediu desfiliação do DEM após o partido anunciar que abriria um processo que poderia resultar em sua expulsão.
O processo contra o senador foi aberto na terça-feira pelo presidente do Conselho de Ética do Senado, Antônio Carlos Valadares (PSB-SE). Valadares acatou o pedido logo após assumir o comando do Conselho. A representação para investigar a suposta sociedade de Demóstenes com o bicheiro Carlos Cachoeira, atualmente preso, foi feita pelo Psol.
Demóstenes e Carlinhos Cachoeira
Em 6 de março de 2012, o senador Demóstenes Torres (GO) subiu à tribuna para dar explicações sobre as denúncias de sua proximidade com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, descoberta pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que terminou em fevereiro, com a prisão de Cachoeira e de outras 34 pessoas. Demóstenes disse que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido critérios legais. Dez dias depois, o jornal Folha de S.Paulo publicava um relatório do Ministério Público Federal (MPF) que indicava que o grupo comandado por Cachoeira entregou telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, que admitiu ter recebido o aparelho.
O jornal O Globo noticiou, em 23 de março, gravações da PF que flagraram Demóstenes pedindo para Cachoeira lhe pagar R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo e vazando informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes. Em 27 de março, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado para "acompanhar a evolução dos fatos". No dia seguinte, o Psol entrou com representação contra o parlamentar no Conselho de Ética do Senado e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandovski autorizou a quebra do sigilo bancário de Demóstenes, solicitando ainda um levantamento sobre as emendas e os projetos relatados por ele para saber se Cachoeira, acusado de controlar a máfia dos caça-níqueis e de corromper policiais e políticos em Goiás, foi beneficiado.
Nas gravações, Demóstenes também aparece acertando um suposto lobby pela legalização dos jogos de azar no Congresso em 2009. Em outra conversa, Cachoeira pede ajuda no processo de um delegado e três policiais de Anápolis (GO) acusados de tortura e extorsão. Os dois ainda conversaram sobre um "negócio" milionário na Infraero. Na ocasião, Demóstenes teria se valido da relatoria da CPI do Apagão Aéreo para levantar informações e sondar contratos de informática na estatal.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido decidiu abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda.
Brasileiros são a segunda nação que mais visita o país e gastam cerca de US$ 5 mil por pessoa
Do Portal Terra
No primeiro trimestre de 2012, a procura por vistos para os Estados Unidos no Brasil aumentou 62%, segundo dados da diplomacia americana. Isso fez com que os EUA - que sofrem com efeitos da crise financeira mundial - abrissem as portas para a entrada de brasileiros. Isso pôde ser constatado durante a visita da presidente Dilma Rousseff àquele país, quando foi anunciada a abertura de um consulado em Minas Gerais e outro no Rio Grande do Sul. A medida pode levar anualmente mais de 130 mil gaúchos e mineiros à América do Norte, segundo estimativas dos agentes de viagens.
Os brasileiros são a segunda nação que mais visita os EUA (ficam atrás apenas dos chineses) e gastam cerca de US$ 5 mil por pessoa nessas viagens, segundo estudos da chancelaria americana no Brasil. No ano passado, 1,5 milhão de pessoas visitaram os Estados Unidos e as estimativas - que não incluem na conta a abertura dos novos consulados - são de que, até 2016, esse número chegue a 2,8 milhões de pessoas.
Apesar dos agentes de viagens mineiros e gaúchos estimarem aumento de 50% e 20%, respectivamente, na procura por pacotes para os EUA, a categoria prevê problemas estruturais nos aeroportos cujos terminais já operam muito acima da capacidade, como é o caso do aeroporto de Confins, em Belo Horizonte.
Sobre as novas unidades consulares, a porta-voz do Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, Katherine Caro, afirma que a meta é abri-las até 2014, com "vários funcionários brasileiros". "Sabemos que não vai ter somente uma seção dos vistos, também terá um departamento de relações públicas e outro comercial (Foreign Commercial Service) para promover os negócios entre os Estados Unidos e o Brasil". Ela diz que, só no ano passado, 29 mil gaúchos e 63 mil mineiros fizeram pedido de vistos nos consulados de Brasília, São Paulo, Recife e do Rio de Janeiro.
Economia
O valor de uma passagem aérea para os EUA varia entre US$ 600 (R$ 1 mil) e US$ 1 mil (R$ 1,8 mil) e a procura tem aumentado significativamente, afirmam os agentes de viagens. Para se ter ideia da demanda, a American Airlines oferece sete voos diários para três destinos diferentes nos EUA.
Apesar dos preços convidativos, as famílias mineiras têm que incluir no orçamento de viagem aproximadamente R$ 3 mil para conseguir o visto no Rio de Janeiro, sem contar com as taxas para a emissão do documento. Para os gaúchos, o valor fica em torno de R$ 800, por pessoa. A presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) do Rio Grande do Sul, Rita Vasconcelos, diz que essas dificuldades afastam alguns. "Muita gente ficava desmotivada e resolvia ir para a Europa". Para ela, o consulado gaúcho vai representar "economia de despesa e de tempo".
Já em Minas, as dificuldades para a obtenção do visto não parecem frustrar os turistas, conforme afirma o vice-presidente da Abav de Minas Gerais, José Mauricio de Miranda Gomes. "Nesta semana e na próxima todos os voos para os Estados Unidos estão lotados e não é nenhum feriado ou alta temporada". Ele se mostra receoso com projeções, mas diz que os mais otimistas estimam que a procura deve aumentar 50% com o novo consulado.
A porta-voz do consulado americano em São Paulo afirma que apesar do tempo de espera na capital paulistana ser de até 40 dias, nas demais unidades, como a de Brasília ou do Rio de Janeiro, o agendamento sai em menos de 10 dias e o pedido pode ser feito em qualquer uma das cidades, não importando onde a pessoa reside. "É uma coisa contínua (a melhoria), não começou há um ano. Sempre estamos procurando facilitar o processo", diz Katherine. No entanto, confessa que não existem planos para outras unidades, além da mineira e gaúcha.
Aeroportos sobrecarregados
Apesar das medidas provocarem alegria entre os agentes de viagens, o vice-presidente da Abav-MG pondera que a deficiência da infraestrutura aeroportuária brasileira pode prejudicar o desempenho do setor. "Em Confins por exemplo, temos apenas dois fingers (acessos de embarque) para aeronaves de médio e grade porte. Uma terceira tem que esperar para poder embarcar os passageiros, e não é uma espera normal como em voos domésticos porque o atraso de voos internacionais complica a vida das empresas", explica Gomes.
Ele critica ainda a falta de ação do poder público e prevê problemas com grandes eventos esportivos como a Copa das Confederações, que acontece em 2013, e a Copa do Mundo, no ano seguinte. "Até hoje não foi feito nada, acredito que na Copa das Confederações não estará ampliado, mas Deus queira que eu esteja errado. Estou torcendo contra mim", ironiza.
Caminho fica livre para que Mitt Romney se torne o candidato oficial dos Republicanos
AFP
O candidato Rick Santorum anunciou nesta terça-feira (10) que se retirava da corrida republicana à Casa Branca, deixando o caminho livre para que Mitt Romney enfrente o presidente Barack Obama nas eleições de novembro. "Mesmo que esta campanha presidencial tenha chegado ao fim para mim, e suspendemos nossa campanha a partir de hoje, nós não abandonamos o combate", declarou Santorum nesta terça-feira, durante entrevista à imprensa em Gettysburg, seu reduto da Pensilvânia (nordeste), que realiza primárias no dia 24 de abril.
Logo depois da entrevista à imprensa, Mitt Romney divulgou um comunicado "cumprimentando" o ex-adversário de campanha. "Ele se revelou uma voz importante para o partido e o país", disse Romney. Rick Santorum deveria retomar nesta terça-feira o comício, após a pausa do feriado de Páscoa, marcado pela hospitalização de sua filha Bella, que sofre de uma anomalia cromossômica rara. Após um final de semana no hospital, a menina de 3 anos recebeu alta na manhã de segunda-feira.
Nesta terça-feira, durante entrevista à imprensa, Santorum disse que o estado de saúde de Bella melhorou. "É uma guerreira", afirmou. Mas, após ter se reunido com a família "na mesa da cozinha", o candidato decidiu se retirar da corrida. "Vamos continuar a brigar pelos americanos que se mobilizaram e nos deram apoio para realizar o que nenhum analista político previu", disse, lembrando sua vitória inesperada em Iowa, no dia 3 de janeiro, e sua ascensão na disputa pela Casa Branca, que surpreendeu inúmeros observadores.
Santorum estava, nesta terça-feira, em segundo lugar, longe do favorito Mitt Romney, na batalha republicana para designar um adversário do presidente democrata Barack Obama na eleição de 6 de novembro. O ex-presidente da Câmara de Representantes Newt Gingrich vinha em terceiro lugar, na frente de Ron Paul.
Já Newt Gingrich informou que vai manter a candidatura, ao mesmo tempo em que pediu aos partidários de Santorum que se juntem a ele, num comunicado divulgado após o anúncio de Rick Santorum.
Cessar-fogo deveria ser cumprido nesta terça-feira como parte do plano de paz
Fogo na cidade síria de Homs (Waseem Al Qusoo/REUTERS)
A violência continua em diferentes pontos da Síria, segundo os opositores, apesar de expirar nesta terça-feira o prazo dado pela ONU para o cumprimento de seu plano de paz.
Os opositores Comitês de Coordenação Local informaram que o Exército do regime atacou na manhã desta terça a cidade de Marea, com seus helicópteros e artilharia pesada. Já em Kesua, nos arredores de Damasco, as forças do regime lançaram uma campanha de detenções no bairro de Sharaqsa.
O grupo denunciou ainda que as forças armadas vêm cercando a localidade de Kafr Zeita, na província central de Hama, onde efetivos da segurança invadiram algumas casas e praticaram detenções indiscriminadas. No município de Injil, na província de Deraa, acontece um tiroteio intenso em todos os postos de controle.
Estas informações não puderam ser verificadas de forma independente devido às restrições impostas pelo regime sírio aos jornalistas.
Na segunda-feira, os ataques das forças leais ao regime de Bashar al-Assad causaram mais de 150 mortes, segundo a oposição.
O plano de paz, proposto pelo enviado especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, estipula a cessação da violência por parte de todos os implicados, a retirada das forças armadas das cidades e o restabelecimento da autoridade do Estado em todo o território. Além disso, prevê o começo de um diálogo nacional entre o governo e os setores da oposição no país.
Tanto o regime sírio como os rebeldes do Exército Livre Sírio (ELS) têm até hoje para começar a aplicar a iniciativa de Annan e retirar as tropas das cidades, e até o dia 12 para pôr fim de forma definitiva às hostilidades.
No entanto, as autoridades sírias exigiram 'garantias escritas' de que os grupos armados da oposição cessarão a violência, enquanto o ELS condicionou o cumprimento do cessar-fogo ao respeito de Damasco ao plano de Annan.
Segundo dados da ONU, mais de nove mil pessoas morreram na Síria desde que começaram as revoltas populares em março de 2011.