Apesar da retirada pelo Governo do 31 de Março do calendário comemorativo nacional, a lembrança do glorioso Movimento em defesa da Democracia, desencadeado pelo Povo Brasileiro em 1964, permanece mais viva do que nunca na sua memória. 31 de março de 1964 é a data histórica que marcou um “basta” contra os desmandos e a ausência de autoridade que o próprio Governo instalado patrocinava, com o propósito de levar o País ao caos e ao descontrole institucional. Tal anarquia atendia à estratégia final que levaria à iminente instalação no País de um regime totalitário-sindicalista com inspiração bolchevista. Instadas pela própria população, as Forças Armadas assumiram o comando das ações, atuando emergencialmente para restaurar a ordem, e, finalmente, dominar a subversão em todas as formas em que se manifestou. Daí em diante, o controle do Estado foi definitivamente restabelecido e reorganizada a administração nacional, que alcançou um desenvolvimento sustentado com sucessivos recordes de crescimento econômico. O tempo passou, muita coisa aconteceu nesses quarenta e sete anos, quase meio século, e o País recebeu, entre outros, um excepcional legado de infra-estrutura básica, adquirindo, desse modo, energia para garantir a continuidade do progresso econômico.
Infelizmente, uma parcela de inconformados ainda trabalha negativamente, tentando alcançar os mesmos objetivos retrógrados do passado. Assim, nuvens negras voltam a pairar, ameaçadoramente, nos nossos horizontes. Eles, hoje, atuam de forma diferente. Não, pela ameaça do terrorismo ou das guerrilhas e, sim, pela letra do manual “gramsciano” – passo a passo – com paciência e perseverança, procurando anestesiar a opinião pública por meio do favorecimento financeiro e da propaganda insidiosa. Essa estratégia de “aparvalhamento” da Sociedade apresenta-se com as seguintes faces:
- Ocupação dos cargos públicos (e muitos privados), em todos os níveis, por militantes do partido do Governo; - Suborno coletivo com dinheiro público, mormente, junto às populações menos favorecidas e sem acesso à informação de qualidade; - Propaganda governista, por parcela da mídia mercenária, no rádio, nos jornais, na televisão e no cinema. - Atuação no setor educacional pelo controle dos currículos e dos livros didáticos, incluindo, aqui, a sutil penetração nos estabelecimentos militares de ensino; - Uma fraca oposição político-parlamentar, caracterizando a figura do “partido único”.
Todo esse aparato, dirigido pelo comando centralizado de uma minoria atuante, tem transformado o regime brasileiro em autêntica ditadura, travestida de democracia virtual. Dentro desse quadro, as Forças Armadas, como Instituição não cooptável por tais manobras, passaram a ser alvos de irresponsáveis medidas que visam ao seu enfraquecimento ou eventual extinção/substituição. Não só pela prática de sistemática campanha que tenta aviltar a história militar brasileira, como pela gradativa e perigosa redução de sua capacidade operativa.
Com insuficientes orçamentos, protelação das decisões para renovação do material de defesa e constantes reduções do padrão salarial do pessoal militar, tentam atingir o moral e a vontade da Instituição. É preciso que os neófitos entendam que só existe soberania se ela for respaldada por força de defesa competente, e que sem soberania não pode subsistir o Estado nacional. No cenário internacional, temos tido freqüentes exemplos de imposição da vontade do mais forte sobre países de expressão militar limitada. As negociações diplomáticas são desenvolvidas sob aparente igualdade de condições, onde, porém, impera o conhecido adágio, seguido pelos mais fortes: “Seja razoável! Faça como eu quero”. O argumento final da diplomacia é sempre o da força militar. Urge, portanto, que a atual Presidente contenha os arroubos dessa minoria inconseqüente, procurando anular-lhes as intenções mesquinhas, que poderão fazer recrudescer animosidades do passado, dificultando as legítimas ações governamentais e, até mesmo, comprometendo o equilíbrio institucional do País. Por que não trabalharmos todos no sentido único de fazer crescer e desenvolver o Brasil no rumo de seu inexorável destino de grande nação? O que querem, afinal, esses inconsoláveis perdedores?
Soldado! Certamente haverá um dia em que alguém te dirá, em tom irônico, que és um parasita, um sanguessuga, que para nada serves, nada de útil fazes, és um estorvo para teu País. Não ligue, porém, Soldado. Não deixe tais comentários, lançados em teu rosto como cusparada vil, te roubarem a calma, te perturbarem o coração. Responda, sereno: Meu amigo, assim falas porque não me viu a amparar os sofridos sertanejos da caatinga nordestina, a curar os enfermos nos grotões da Amazônia, a socorrer os flagelados pelas enchentes de Minas, a agasalhar as infelizes vítimas do frio sulino. Assim falas porque jamais sentistes a dor da saudade dos teus amores a aumentar a cada instante, sob o peso das longas jornadas e das imensas distâncias, pelos confins deste País de Meu Deus! Assim falas porque jamais pesou sobre teus ombros a responsabilidade de transformar meninos em homens, forjando-lhes o caráter e dando-lhes maturidade para tomar as rédeas de suas vidas nas próprias mãos. Jamais, amigo, soubestes o que é passar dias e noites caminhando sob chuva e frio, sentido o vento minuano a castigar-te o corpo. Nunca tivestes que enfrentar a imensidão verde e abafada da floresta, dias a fio, sobrevivendo apenas do que a mata te oferece. Em tempo algum transpusestes a caatingas sob sol escaldante, jamais vadeaste, a peito nu, um rio dos pampas, em noite de agosto. Dormias, amigo, calma e profundamente, enquanto eu, nas fronteiras, velava por tua segurança. Descansavas na praia, tranquilamente, com tua família, enquanto eu enfrentava dias e dias de barco rio acima e rio abaixo, patrulhando os limites do País!
Falas assim, amigo, porque não estavas a meu lado, ajudando a mitigar o sofrimento do povo de Angola e do Timor, de Honduras e da Nicarágua, do Peru, da Bósnia e do Haiti! Ah! Meu amigo, se me visses, qual Ulisses moderno, abrindo dois mil quilômetros de estrada, de Cuiabá a Rio Branco, numa Odisséia real, para que descobrisses um novo Brasil, certamente não falarias assim. Ah! Se tivesses chorado comigo os companheiro mortos cumprindo seu dever, em todos os recantos da Pátria, entenderias porque existo. Mas, amigo, não te sintas constrangido. Apague do rosto essa expressão envergonhada, pois não tens obrigação de saber disso tudo, assim como não é meu papel alardear o que faço, mas sim, trabalhar simplesmente, pois a servidão, a renúncia e a humildade, que em outros seriam apontadas como grandes virtudes, para o soldado espelham apenas o dever de toda uma vida.
Saiba, porém, amigo, que onde estiveres, estarei sempre guardando teu sono, silenciosa e anonimamente, como convém a todos os SOLDADOS deste nosso BRASIL!
Este discurso é trecho do filme Sua Excelência, de 1967, em que o inesquecível Cantinflas, comediante mexicano, pronuncia na Assembleia da ONU no papel de Embaixador de um país fictício. Contém uma lição bem atual apesar de ter sido pronunciado há mais de 40 anos. (Tradução de José Chirivino Álvares)
Coube-me, por sorte, ser o último orador. Isso muito me agrada, pois assim os pego cansados. Não obstante, sei que apesar da insignificância do meu país que não tem poderio militar, nem político, nem econômico, nem muito menos atômico, todos os Senhores esperam com grande interesse minhas palavras já que do meu voto depende o triunfo dos Verdes ou dos Vermelhos. Senhores Representantes: Estamos passando por um momento crucial em que a humanidade se enfrenta ante essa mesma humanidade. Estamos vivendo um momento histórico em que o homem científica e intelectualmente é um gigante, mas moralmente é um pigmeu. A opinião mundial está tão profundamente dividida em dois grupos aparentemente irreconciliáveis, que ocorre o caso de que um só voto, o voto de um país fraco e pequeno, pode fazer que a balança penda para um ou para o outro lado. Estamos, portanto, numa grande gangorra. Com um lado ocupado pelos Verdes e com o outro ocupado pelos Vermelhos.E agora chego eu, que sou peso-pluma, e do lado que me colocar, para lá penderá a balança! Façam-me o favor! Os Senhores não creem que é muita responsabilidade para um só cidadão? E porque também não considero justo que a metade da humanidade - seja qual for ela - venha a ser condenada a viver sob um regime político e econômico que não é de seu agrado, somente porque um frívolo embaixador votou - ou que o tenham feito votar - num sentido ou no outro. E é por isso que não votarei em nenhuma das duas teses. E não votarei em nenhuma das duas teses, por três razões: Primeira, porque – repito - não seria justo que um só voto de um só representante – que poderia neste momento estar doente do fígado – venha a decidir os destinos de cem nações. Segunda, porque estou convencido de que os procedimentos - repito e sublinho: os procedimentos dos Vermelhos (os países comunistas) são desastrosos. E a terceira, porque estou convencido de que os procedimentos dos Verdes (os Estados Unidos da América) tampouco são os mais bondosos que se possa ter E se não se calarem imediatamente, não sigo com o discurso e os Senhores ficarão com a curiosidade de saber o que eu tinha para lhes dizer. Insisto que falo de procedimentos e não de idéias e nem de doutrinas. Para mim todas as idéias são respeitáveis, ainda que sejam “ideiazinhas” ou “ideiazonas” e mesmo que eu não esteja de acordo com elas. O que pensa esse Senhor, ou esse outro Senhor, ou aquele Senhor, ou esse de bigodinho que já não pensa nada porque já está dormindo, nada disso impede que sejamos, todos nós, bons amigos. Todos cremos que nossa maneira de ser, nossa maneira de viver, nossa maneira de pensar e até o nosso modo de andar são os melhores; e esse modelo tratamos de impô-lo aos demais e, se não os aceitam, dizemos que 'são isso ou são aquilo' e, imediatamente, entramos em desinteligências. Os senhores acham que isso está correto? Tão fácil seria a vida se ao menos respeitássemos o modo de viver de cada um. Faz cem anos que disse uma das figuras mais humildes, mas mais importantes do nosso continente:'O respeito ao direito alheio é a paz'. É disso que eu gosto! Não que me aplaudam, mas que reconheçam a sinceridade das minhas palavras. Estou de acordo com tudo o que disse o Senhor Representante da Salsichônia com humildade (N.T.: referência à Alemanha); com humildade de pedreiros independentes devemos lutar para derrubar a barreira que nos separa; a barreira da incompreensão; a barreira da mútua desconfiança; a barreira do ódio. E no dia em que conseguirmos, poderemos dizer que voamos por cima da barreira. Mas não a barreira das idéias, isso não, nunca! No dia em que pensarmos iguais, atuarmos iguais, deixaremos de ser homens para converter-nos em máquinas, em autômatos. Esse é o grave erro dos Vermelhos, o querer impor pela força suas ideias e seu sistema político e econômico. Falam de liberdades humanas, mas eu lhes pergunto: existem essas liberdades em seus próprios países? Dizem defender os Direitos do Proletariado, mas seus próprios trabalhadores nem sequer possuem o direito fundamental à greve. Falam da cultura universal ao alcance das massas, mas encarceraram os seus escritores porque eles se atrevem a dizer a verdade. Falam da livre determinação dos povos e, no entanto, há cem anos oprimem uma série de nações sem permitir-lhes que se dêem uma forma de governo que mais lhes convenham. Como podemos votar por um sistema que fala de dignidade e, ato contínuo, atropela o mais sagrado da dignidade humana, que é a liberdade de consciência, eliminando ou pretendendo eliminar a Deus por decreto? Não, senhores representantes, eu não posso estar com os Vermelhos ou, melhor dizendo, com sua maneira de atuar. Respeito seu modo de pensar, mas não posso dar meu voto para que seu sistema se implante pela força em todos os países da Terra. Aquele que quiser ser Vermelho que o seja, mas que não pretenda tingir os demais Um momento, jovens! Senhores! Por que tão sensíveis? Os senhores não agüentam nada, não? Eu ainda não terminei. Voltem aos seus lugares. Sei que estão acostumados a abandonar essas reuniões quando ouvem algo que não é de seu agrado; mas não terminei. Voltem aos seus lugares, não sejam precipitados, ainda tenho que dizer algo sobre os Verdes. Os senhores gostariam de ouvir? Sentem-se!Agora, meus queridos colegas Verdes. O que disseram os Senhores? - Já votou por nós? Não? Pois não, jovens. Não votarei por vocês porque vocês também têm muita culpa por tudo que acontece no mundo. Vocês são soberbos como se o mundo fosse só de vocês e que os demais tivessem uma importância apenas relativa. E ainda que falem de paz, de democracia e de coisas muito bonitas, às vezes também pretendem impor sua vontade pela força e pela força do dinheiro. Estou de acordo que devamos lutar pelo bem coletivo e individual; que devamos combater a miséria; que devamos resolver os tremendos problemas de habitação, do vestir e do sustento. Mas não estou de acordo é com a forma que vocês pretendem resolver esses problemas. Vocês também sucumbiram ante o materialismo, esqueceram os mais belos valores do espírito. Pensando somente nos negócios, pouco a pouco foram se convertendo nos credores da humanidade e, por isso, a humanidade lhes vê com desconfiança. No dia da inauguração desta Assembléia, o Senhor Embaixador da 'Ladarônia' disse que o remédio para todos os nossos males estava em ter automóveis, refrigeradores, televisores. E eu me pergunto: para que queremos automóveis se ainda andamos descalços? Para que queremos refrigeradores se não temos alimentos para colocar neles? Para que queremos tanques e armamentos se não temos escolas para nossos filhos? Devemos lutar para que o homem pense na paz, mas não somente impulsionado pelo seu instinto de conservação, se não, e fundamentalmente, pelo dever que tem de superar-se e de fazer do mundo um local de paz e tranquilidade cada vez mais digno da espécie humana e de seus altos destinos. Mas essa aspiração não será possível se não houver abundância para todos; bem-estar comum, felicidade coletiva e justiça social. É verdade que está em suas mãos - dos países poderosos da terra, Verdes e Vermelhos -, o ajudar a nós, os fracos, mas não com presentes, nem com empréstimos, nem com alianças militares. Ajudem-nos pagando preços mais justos, mais eqüitativos por nossas matérias-primas; ajudem-nos dividindo conosco seus notáveis avanços na ciência, na tecnologia. Não para fabricar bombas, mas para acabar com a fome e com a miséria. Ajudem-nos respeitando nossos costumes, nossas crenças, nossa dignidade como seres humanos e nossa personalidade como nações, por pequenos e frágeis que sejamos. Pratiquem a tolerância e a verdadeira fraternidade, e nós saberemos corresponder-lhes. Mas deixem imediatamente de tratar-nos como simples peões no tabuleiro de xadrez da política internacional. Reconheçam-nos como o que somos, não somente como clientes ou como ratos de laboratório, mas como seres humanos que sentem, sofrem e choram. Senhores representantes, existe outra razão a mais por que não posso dar meu voto:faz exatamente vinte e quatro horas que apresentei minha renúncia como Embaixador do meu país. Espero que seja aceita. Consequentemente, não lhes falei como Excelência, mas como um simples cidadão; como um homem livre; como um homem qualquer; mas que, não obstante, crê interpretar ao máximo as aspirações de todos os homens da Terra; as aspirações e os desejos de viver em paz; o desejo de ser livres; o desejo de entregar aos nossos filhos e aos filhos de nossos filhos um mundo melhor; em que reine a boa vontade e a concórdia. E que fácil seria, senhores, alcançar esse mundo melhor em que todos os homens brancos, negros, amarelos e pardos, ricos e pobres pudessem viver como irmãos. Se não fôssemos tão cegos, tão obcecados, tão orgulhosos. Se apenas orientássemos nossas vidas pelas sublimes palavras que, faz dois mil anos, disse aquele humilde carpinteiro da Galiléia, simples, descalço, sem fraque nem condecorações: “Amai-vos, amai-vos uns aos outros!” Mas, lamentavelmente vocês entenderam mal, confundiram os termos. E o que fizeram? E o que fazem? “Armam-se uns contra os outros!” Tenho dito!
Equipamento deficiente e efetivo militar se concentram no Sudeste e no Sul do país; cortes no Orçamento afetam planos de modernização
Merece atenção o estado das Forças Armadas brasileiras. O equipamento militar do país está parcialmente sucateado. A divisão do efetivo e dos recursos obedece a uma lógica que não parece adequada aos desafios estratégicos do século 21.
A capacidade de reação militar se encontra comprometida. O país não enfrenta ameaça imediata, mas não deixa de ser preocupante a constatação de que uma agressão encontraria as defesas um tanto despreparadas.
Como esta Folha mostrou no domingo, menos da metade dos caças está em condições de voo, situação similar à dos helicópteros. Dos quase 2.000 blindados, pouco mais de mil ficam à disposição para eventual combate.
Na região amazônica, onde narcotraficantes e paramilitares atuam com desenvoltura nos países vizinhos, a prioridade conferida pela Estratégia Nacional de Defesa, de 2008, não se concretizou.
Houve, é claro, avanços nas últimas décadas, como a consolidação do Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia) nos anos 1990. Mas a Amazônia abriga só 13% da força do Exército. A Aeronáutica, de importância crucial em área tão vasta, mantém só 15% dos seus homens na região Norte.
Isso não significa que o país esteja paralisado no terreno militar. Após décadas de sucateamento, entraram em marcha nos últimos anos alguns projetos de modernização, inseridos na Estratégia Nacional de Defesa.
Na Marinha, há planos de renovar a frota de submarinos, que passaria a contar com um de propulsão atômica. Na Aeronáutica, devem ser adquiridos novos caças, quando for resolvida a concorrência que se arrasta há mais de dez anos. E o Exército tem pronto um ambicioso projeto para proteger os limites terrestres do país, o Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras).
A contenção de despesas ordenada pela presidente Dilma Rousseff, no entanto, impôs um congelamento a esses planos. Ainda que tenham sido adiados momentaneamente, parece óbvio que devem ser retomados assim que o cenário econômico e fiscal se mostrar mais favorável.
O confronto entre as mazelas sociais do país, de um lado, e a ausência de ameaça externa clara no horizonte próximo, de outro, sempre torna difícil justificar bilionários gastos militares. No entanto, a crescente influência do Brasil no cenário internacional, aliada à descoberta de volumosas reservas de petróleo do pré-sal, deve refletir-se na sua capacidade militar.
Paulo Chagas Caros amigos, tenho muito orgulho do que sou e se me fosse possível nascer de novo e controlar meu destino, não hesitaria um instante sequer para optar, outra vez, por dedicar-me inteiramente ao serviço da Pátria, cuja honra, integridade e instituições juraria defender, até com sacrifício da própria vida. Não me arrependo das decisões que tomei como soldado. Não me arrependo das atitudes que tomei, nem lamento as conseqüências dos meus atos, porque sou soldado por vocação, por amor ao meu País. Envaidece-me saber que mesmo morto nunca deixarei de ser um Soldado do Exército de Caxias! Por outro lado, este mesmo orgulho, que me obriga a controlar a soberba e a presunção, angustia meu coração, meu instinto, minha disciplina e meu preparo para aceitar as coisas que, estando fora do meu alcance e da minha responsabilidade, eu não posso mudar. Angustia-me a certeza de saber que os meus sentimentos são os mesmos de todos, que, como eu, são soldados por amor ao Brasil e ao Exército. Angustia-me a certeza de que todos, de alguma forma, sabem que estamos sendo engambelados pela falácia de que o passado pertence aos que passaram e que a história é responsabilidade de quem a viveu. Angustia-me constatar que a cada dia que passa mais frágil fica a nossa resistência à contaminação ideológica de que “os soldados de hoje” são diferentes dos “soldados de ontem” e que as conseqüências dos “males que causaram” somente a eles cabe responder, lavamos, assim, as mãos entre os inocentes com a mesma hipocrisia com que Pilatos o fez diante da infame condenação do Cristo Jesus. Angustia-me assistir a ameaça de quebra da unidade do Exército que, empenhado institucionalmente em uma guerra suja, não se manifesta de forma ostensiva, pública, altiva e vociferante em defesa de si mesmo e daqueles que, no cumprimento do dever e de ordens de operações, fizeram o que, na circunstância, todos achavam que era o que tinha que ser feito! Angustia-me supor que, como Instituição de Estado, nos falte coragem e argumentação para enfrentar de peito aberto e coração exposto a crítica e a condenação de excessos e enganos que, pela vontade de vencer e neutralizar, o quanto antes, as ameaças à liberdade democrática, tenham sido eventualmente cometidos pelas forças ou agentes escalados para contrapor-se ao ataque armado da esquerda terrorista, assassina e revolucionária. Angustia-me tomar conhecimento de inteligente e consistente argumentação, contrária à forma como o governo dos derrotados pretende “revelar a verdade” e deturpar a imagem das instituições militares perante a Nação, pela ação obscura e pela visão distorcida e intriguista da imprensa, em documento que, desta forma, se “supõe”, retrata o pensamento e a posição que, moralmente, todos devemos adotar. Angustia-me constatar que passados dez anos da criação do Ministério da Defesa, com o que pessoalmente concordo, ainda não tenhamos aprendido a utilizar o espaço que nos proporciona o afastamento do poder político para manobrar ostensiva e dissuasivamente em defesa da nossa missão e da nossa importância como instituição nacional e como segmento da sociedade comprometidos, exclusivamente, com os interesses da Nação que, não necessariamente, devem coincidir com os das facções políticas no poder. Finalizo, amigos, assegurando-lhes que, em meio a tantas angústias, nada se compara à dor de ferir a própria carne, quando o desabafo se transforma em crítica, pois, mesmo que construtiva, a crítica fere a sensibilidade e ferir o Exército Brasileiro é o mesmo que ferir a mim mesmo, pois não me permito ser menos que um Soldado de Caxias! Paulo Chagas é General da Reserva do EB.
Olá! Meu nome é Thiago e fui rondonista na operação Carajás, no município de Eldorado do Carajás com a Universidade Federal do Paraná. Gostaria de agradecer todo o apoio que vocês deram a operação, toda a ajuda e os conhecimentos que vocês me passaram. Gostaria de confessar de que nunca fui fã das forças armadas, principalmente do Exército, por uma série de fatores que ocorreram no meu alistamento militar obrigatório. Mas devo dizer que mudei de opinião ao conhecer o 52 BIS. Hoje vejo com orgulho o trabalho que vocês realizam, o treinamento e a preparação diária pelo nosso país. Me emocionei muito assitindo à palestra do Ten. Cel. Samuel, onde ele disse que escolheu lutar pelo país com a farda, mas que nós, cada jovem universitário ali presente, pode e deve lutar pelo país, seu progresso e desenvolvimento, nas áreas que escolhemos atuar, no meu caso, na Engenharia Cartográfica. O abismo que eu achava que existia entre a sociedade civil e a militar, aprendi que não existe, aprendi que todos somos brasileiros, que apenas escolhemos caminhos ou formas diferentes de mudar e lutar por esse país. Queria agradecer a todos vocês, que foram gentis conosco, que tanto nos ajudaram e nos mostraram que não há abismo algum, mas há sim uma unidade de uma só nação. Gostaria também de tentar transmitir o orgulho de meu pai ao saber que fiquei uns dias aí com vocês, ele, que na sua época de serviço militar foi enviado para lutar contra a guerrilha do Araguaia, trouxe sempre o orgulho de ter lutado pelo país. Eu queria transmitir o orgulho e o interesse com o qual meu pai viu cada foto do quartel, da farda, dos mascotes e das instruções de abrigo, fogo e água, alimentação e animais, os brasões e o alojamento, que segundo ele, não mudou nada desde a sua época. As lembranças que eu ganhei, como a carta, o jornal e a agenda, me desculpem, mas eu dei para o meu pai, que quase chorou ao ter em suas mãos artigos de um Exército companheiro, amigo de cada cidadão brasileiro. Para finalizar, gostaria de agradecer mais uma vez o apoio, de cada soldado que de forma "invisível" trabalhou para nos acomodar e nos dar uma ótima estadia. Queria agradecer também ao pessoal da cozinha, pelo atendimento e refeições impecáveis, ao Sr. Samuel pela simplicidade com a qual andou entre nós estudantes e a proximidade que teve conosco. Por fim, ao 2 Ten Heyder, instrutor da aula sobre abrigos, que pediu que nós, provenientes das mais distintas regiões do país, não nos esquecermos de que ali, na selva, um lugar muitas vezes esquecido por governantes e pela sociedade, existem guerreiros que treinam dia após dia, abrem mão de diversas coisas, para defender o nosso país, a ele eu gostaria de responder que pelo menos da minha parte, nunca esquecerei, nem a minha família, de que aí, muito longe da Curitiba da qual escrevo, existem brasileiros, guerreiros de selva, que escolheram defender e desenvolver este país com a farda e o fuzil. Muito Obrigado e um grande abraço a cada integrante do 52 BIS, Thiago Rempel