Saldo devido cresce 21,2% e atinge 34,5 bilhões de reais; inadimplência dessa modalidade de financiamento passa de 40%
A
dívida dos brasileiros no rotativo do cartão de crédito disparou em
2015. O saldo dessa modalidade - isto é, a soma de todo os valores
devidos - cresceu 21,2% no ano passado e atingiu 34,5 bilhões de reais,
segundo o Banco Central (BC). O ritmo de crescimento é praticamente o
dobro do verificado em 2014, quando avançou 11,4%. De acordo com o BC, o
aumento pode ser explicado pela intensificação do uso do rotativo e a
incorporação de juros - que atingiram o patamar recorde de 431,4% ao
ano.
O gatilho do rotativo ocorre quando o consumidor não paga o
valor integral da fatura. Se quitar alguma quantia entre o pagamento
mínimo exigido e o total, o consumidor não é considerado inadimplente,
mas fica sujeito a uma taxa altíssima de juros.
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O valor que restou é computado como um crédito novo - ou concessão,
pela nomenclatura do BC. Nesse detalhe, outro dado desperta atenção: a
concessão do rotativo está crescendo a um ritmo bem menor, de 1,6%.
Os dados não permitem quantificar o número de pessoas inadimplentes
no cartão. Mas o descolamento entre o aumento da dívida (saldo) e a
concessão indica que o juro recorde está criando um contingente de
superendividados no Brasil.
"Se o consumidor carregar a dívida do rotativo por muito tempo e não
trocá-la por outra mais barata, acaba ficando com um débito impossível
de se pagar", afirma Marianne Hanson, economista da Confederação
Nacional do Comércio (CNC). Não por acaso, a inadimplência do rotativo é
a maior entre todas as linhas de crédito disponíveis no país, de 40,3%.
"A falta de conhecimento de outras opções acaba fazendo com que a
pessoa opte pelo refinanciamento do rotativo", diz Eduardo Tambellini,
sócio da consultoria GoOn, especializada na gestão de risco de crédito. (Com Estadão Conteúdo)
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