Ministério Público pede a cassação do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, por superfaturamento na construção de ciclovias
O prefeito de
São Paulo, Fernando Haddad (PT), tenta fazer da construção de ciclovias
uma marca de sua gestão. O paulistano pode até vir a gostar da ideia.
Mas a questão é que as ciclovias de Haddad são as mais caras do mundo. E
isto tem chamado atenção do Ministério Público. O custo médio de cada
quilômetro construído sai por estratosféricos R$ 650 mil. Supera, por
exemplo, cinco vezes o valor pago por Paris. É maior também do que o
desembolsado por cidades díspares, como Nova York e Buenos Aires. Uma
destas ciclovias desperta ainda mais atenção do MP pelo seu
impressionante superfaturamento. Trata-se da Ceagesp-Ibirapuera, uma
obra simples e plana, com apenas faixas vermelhas de sinalização. Cada
um de seus 12,4 quilômetros custou R$ 4,4 milhões aos cofres públicos.
Na gestão anterior, a mesma empresa cobrou R$ 617 mil por quilômetro.
Promotores paulistas acusam Haddad e seu secretário de Transportes,
Jilmar Tatto, entre outros, de terem causado um prejuízo de cerca de R$
47 milhões só nesta obra. Para os promotores, a prefeitura não realizou a
licitação de maneira adequada. Justificando urgência, eles fracionaram
as obras em seis contratos. Evitaram, assim, a necessidade de certame, o
que é ilegal. Agora, o Ministério Público pede para que o prefeito seja
retirado do cargo, tenha os seus direitos políticos suspensos e devolva
ao erário os prejuízos causados por ele e seus secretários.
EXPLICA, HADDAD
Prefeito de São Paulo (abaixo) terá dificuldades para
justificar como efetuou gastos tão acima do padrão
nas obras da ciclovia Ceagesp-Ibirapuera (acima)
A operação Lava Jato também promete dar dor
de cabeça ao petista. Na última semana, o marqueteiro responsável por
tornar possível a sua vitória, João Santana, foi preso. É acusado de ser
pago fora do país por empreiteiras pela realização de campanhas. Há
suspeitas que a de Fernando Haddad à prefeitura paulistana seja uma
delas. Estão, entre os indícios, anotações de empreiteiros implicados
pela PF. Um dos donos de construtora envolvida nos desvios do Petrolão
já havia relacionado o pagamento de propina a doações para Haddad.
Ricardo Pessoa, da UTC, disse, em sua delação premiada, ter desembolsado
despesas de R$ 2,6 milhões da campanha petista à Prefeitura de São
Paulo. Com tantas acusações, Haddad terá de pedalar muito para fugir dos
escândalos.
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