Indócil, o ex-presidente da Câmara, preso no Paraná, herda o título que já foi de Nestor Cerveró: o de pior preso da Lava-Jato
Por
Ullisses Campbell, de Curitiba
Cunha: isolamento de cinco dias na cela como punição por recusar-se a fazer exame médico (Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/VEJA)
Os protestos começam logo no café da manhã. Às 6 horas,
o ex-deputado Eduardo Cunha acorda e reclama, por exemplo, que o pão
francês está velho, ou amassado. As queixas prosseguem e ficam mais
estridentes na hora do almoço. O ex-presidente da Câmara dos Deputados
reputa como de péssima qualidade a comida servida no Complexo
Médico-Penal de Pinhais (PR), onde cumpre prisão preventiva desde
dezembro de 2016. Em 10 de fevereiro, ao receber sua marmita de isopor,
disse que não iria comer “aquilo” (o cardápio do dia: arroz, feijão,
tomate, mandioca, alface e um bife de alcatra), embora minutos depois
tenha mudado de ideia. Dois dias antes, já havia resmungado por ter sido
obrigado a sair da sua cela, a 605, para a faxina semanal feita por uma
equipe de detentos. Por gestos assim, Cunha é tido pelos carcereiros de
Pinhais como “o pior preso da Lava-Jato”. O título já pertenceu a
Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, cujos impropérios podiam ser
ouvidos mesmo depois que as luzes da prisão se apagavam. Mais tarde, o
epíteto foi transferido para Renato Duque, também ex-diretor da
Petrobras, que passou por Pinhais e solicitava aos agentes carcerários a
gentileza de só lhe dirigirem a palavra em caso de necessidade
absoluta.
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