Cremerj diz que locais não têm condições de receber novas internações.
Secretaria diz que relatório é superficial e 'desvinculado da realidade'.
Relatório do Cremerj denuncia superlotação no Hospital Souza Aguiar (Foto: Cremerj/ Divulgação)
O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro
(Cremerj) vistoriou os cinco hospitais municipais que serão referência
na Olimpíada Rio 2016. De 5 a 11 de julho, os fiscais estiveram nos
hospitais Souza Aguiar, Salgado Filho, Miguel Couto, Albert Schweitzer e
Lourenço Jorge. Em todas as unidades, os médicos afirmam que os locais
não possuem condições de absorver novas internações. Eles destacaram o
alto número de pacientes internados de maneira improvisada. A Secretaria
Municipal de Saúde nega (veja a nota no fim da reportagem).Na sala de emergência pediátrica também não havia leitos livres, segundo o relatório. Alguns pacientes estavam internados, de forma improvisada, em cadeiras, poltronas e macas de transporte na emergência. A fiscalização foi em 5 de julho.
Os fiscais também identificaram a falta de alguns medicamentos e de equipamentos para monitorar o estado de saúde de pacientes em estado grave.
Na vistoria no Hospital Salgado Filho, no Méier, vistoriado em 7 de julho, os fiscais encontraram superlotação e pacientes graves internados em unidades intermediárias, como mostrou o G1. Além disso, os médicos também encontraram pessoas internadas nos corredores e medicamentos fora do prazo de validade.
No setor de nebulização, crianças aguardam com os pais uma vaga para internação (Foto: Divulgação/ Cremerj)
No Hospital Miguel Couto, no Leblon, também fiscalizado em 7 de julho,
os profissionais do Cremerj encontraram salas de emergências destinadas a
pacientes adultos de média e alta gravidade apresentavam ocupação acima
de sua capacidade. O Centro de Terapia Intensiva (CTI) e a Unidade
Coronariana (UCO) estavam com todos os leitos ocupados.Escala desfalcada
Segundo o Cremerj, o Hospital Lourenço Jorge, que é referência para os eventos que acontecerão na Barra da Tijuca, não conta com atendimento de urgência e emergência em neurocirurgia, sendo necessário o transporte do paciente até o Hospital Municipal Miguel Couto para ser avaliado. A unidade foi fiscalizada em 8 de julho.
Ainda segundo os médicos, as salas de emergência destinadas a pacientes adultos com média e alta gravidade estavam superlotadas; três pacientes estavam internados no corredor da emergência; unidade semi-intensiva estava desativada por conta da falta de pessoal; faltavam médicos também no CTI e equipamentos para atenção aos pacientes graves; e o aparelho de endoscopia digestiva estava quebrado havia mais de seis meses.
Pacientes no corredor do Hospital Lourenço Jorge (Foto: Cremerj/ Divulgação)
No Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, fiscalizado dia 11 de
julho, o Cremerj também encontrou superlotação. De acordo com o que foi
informado aos fiscais, houve redução da equipe médica plantonista em
todas as especialidades.Os médicos destacaram a falta de profissionais no CTI adulto e, durante a fiscalização, havia apenas um pediatra de plantão. O setor de emergência está em obras e a sala de trauma contava com tapumes e espaço considerado insuficiente entre os leitos. O local conta com dois pacientes sob custódia judicial.
Relatório gera controvérsia
O vice-presidente do Cremerj, Nelson Nahom, afirma que os profissionais do Cremerj chegaram a levar o relatório com os apontamentos sobre o parecer a entidade sobre os cinco hospitais municipais da cidade para o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, mas afirma que foram acusados de estarem elaborando um parecer político.
“Pedimos a reunião há 30 dias, ele que relutava em marcar. Não foi uma atitude polícia, a nossa visão é técnica. A realidade é que a situação da saúde do Rio é muito ruim”, explicou Nahom.
Resposta prefeitura
Procurada pelo G1, a Secretaria Municipal de Saúde questionou a versão do Cremerj e disse que só foi procurada 11 dias após a divulgação do relatório.
O órgão afirmou que trabalha em parceria com o Ministério da Saúde, a Secretaria Estadual de Saúde, a Empresa Olímpica e o Comitê Rio 2016 há quatro anos em um plano de operação para a Olimpíada, com mais de 1,5 mil profissionais envolvidos, sem a contribuição do Cremerj e, por isso, questiona o plano do conselho.
Ainda segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o relatório do Cremerj seria superficial e desvinculado da atual realidade do sistema público de saúde.
Macas no Hospital Albert Schweitzer (Foto: Cremerj/ Divulgação)
No Albert Schweitzer, pacientes dividem espaço com tapumes (Foto: Cremerj/ Divulgação)
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