26 de mar. de 2013

Coreia do Norte posiciona mísseis contra alvos americanos

Regime comunista voltou a ameaçar as bases militares dos Estados Unidos na Ásia – e dessa vez estendeu a advertência para o território continental do país

Ditador Kim Jong-un comanda treinamento militar na Coreia do Norte
Ditador Kim Jong-un comanda treinamento militar na Coreia do Norte (KCNA / AFP)
A Coreia do Norte ordenou que seus mísseis e peças de artilharia sejam colocados em “posição de combate” para atacar a qualquer momento alvos americanos no Havaí, em Guam e até na área continental dos Estados Unidos. A nova ameaça do regime comunista aparece em um comunicado divulgado nesta terça-feira pela agência estatal KCNA e também inclui bases da Coreia do Sul como possíveis alvos dos bombardeios norte-coreanos.

"A partir de agora, as Forças Armadas colocarão em posição de combate número um todas as unidades de artilharia de longo alcance e mísseis estratégicos em preparação para possíveis ataques contra alvos na área continental dos Estados Unidos, Havaí e Guam, além de outras bases militares americanas e sul-coreanas no Pacífico", relata a nota. As tensões na península coreana vêm crescendo desde a realização do terceiro teste nuclear de Pyongyang, em dezembro, e atingiram o nível máximo com a ampliação das sanções na ONU contra o regime comunista e o início dos exercícios militares anuais entre Washington e Seul no início do mês.

Na semana passada, o regime de Kim Jong-un já havia ameaçado atacar alvos dos EUA na Ásia em resposta ao voo de bombardeiros americanos B-52 na península coreana durante as manobras militares entre Washington e Seul. Horas antes da nova ameaça de Pyongyang, a imprensa oficial do regime comunista noticiou a realização de simulações de defesa no litoral leste do país, supervisionadas pessoalmente pelo jovem ditador Kim Jong-un.

Embora especialistas duvidem que a Coreia do Norte tenha capacidade para atingir a área continental dos Estados Unidos, as bases no Japão e na ilha americana de Guam estão no alcance das armas convencionais de Pyongyang e são, portanto, um alvo realista. Diante do discurso norte-coreano, os EUA afirmaram recentemente que tem totais condições de proteger o seu território e o de seus aliados na Ásia.

Coreia do Sul - Do outro lado, a vizinha Coreia do Sul disse que não detectou nenhuma movimentação incomum no país rival. Apesar disso, o ministro de Defesa Kim Kwan-jin pediu que suas tropas estejam preparadas para revidar qualquer agressão do norte. O mais recente capítulo da escalada bélica na península coreana acontece justamente no dia em que a Coreia do Sul lembra os três anos do naufrágio do navio de guerra Cheonan. Seul acusa Pyogynang de ter afundado a embarcação com um torpedo, mas o regime comunista nega envolvimento no caso.

25 de mar. de 2013

Ministro da Agricultura é cliente de abatedouro clandestino

Reportagem de VEJA desta semana mostra ligação de Antônio Andrade e matadouro na cidade mineira de Vazante, a 350 quilômetros de Brasília

SEM FISCALIZAÇÃO - O abate dos animais é feito com desrespeito total às mínimas exigências sanitárias
SEM FISCALIZAÇÃO - O abate dos animais é feito com desrespeito total às mínimas exigências sanitárias      (Sergio Dutti)
O odor de sangue apodrecido misturado com dejetos provoca náuseas. A cena é medieval. A foto que ilustra esta reportagem capta o final de mais um dia de trabalho no Matadouro do Rogério, em Vazante, cidade mineira que fica a apenas 350 quilômetros de Brasília. O funcionário manipula o que sobrou do gado abatido na madrugada. Nada é desperdiçado. A membrana que envolve as vísceras será usada para fabricar sabão. As cabeças dos animais serão moídas e transformadas em ração. Os dejetos vão alimentar os cachorros e as galinhas que convivem no mesmo espaço -- um galpão pestilento. No momento da fotografia, a carne já havia seguido para as prateleiras dos supermercados e açougues da região. É repugnante imaginar que um terço da produção bovina consumida pelos brasileiros é oriunda de lugares assim. É mais repugnante ainda saber que isso acontece em tão larga escala por incompetência, inoperância e negligência dos órgãos de fiscalização. O Matadouro do Rogério seria apenas mais um entre milhares de estabelecimentos iguais que funcionam país afora se não fosse um detalhe: ele tem entre seus clientes ninguém menos que o novo ministro da Agricultura.

24 de mar. de 2013

Bikes mais modernas ganham mercado

Número de bicicletas vendidas quase não muda, mas o setor está faturando mais. Motivo: o brasileiro tem comprado modelos mais caros
  Pedro Brodbeck Os movimentos pró-mobilidade urbana e a popularização da bicicleta não são suficientes para aumentar a produção ou o consumo das bikes no Brasil, mas devem garantir aumento no faturamento de fabricantes e varejistas. O motivo: cada vez mais os usuários trocam as antigas “magrelas” por bicicletas mais modernas e com maior valor agregado. A mudança de perfil promete movimentar R$ 900 milhões em 2013, 10% a mais que em 2012.
Na última década, a produção nacional manteve sua média nominal histórica, de 4,5 milhões de unidades. O consumo também se mantém pouco acima das 5 milhões de bikes. O que mudou no período é o perfil das magrelas, que agora têm cada vez mais tecnologia e acessórios.
Tendência
Indústria aposta nos modelos elétricos
Uma aposta para conquistar novos clientes – e finalmente aumentar a produção – está na regulamentação das bicicletas elétricas. Ainda em fase de elaboração, os fabricantes acreditam que a adoção do modelo europeu vai ajudar no crescimento do mercado.
“É uma bicicleta sem acelerador, com cara de bicicleta, mas com a tecnologia elétrica. É um produto que pode impulsionar a indústria e o comércio a partir do ano que vem”, afirma José Eduardo Gonçalves, da Abraciclo.
As bicicletas elétricas têm um motor que funciona quando o ciclista pedala e que pode chegar a 55 km/h. A partir do momento em que for regulamentada no Brasil, a bicicleta elétrica deve custar entre R$ 3 mil e R$ 5 mil.
Em 2009, 60% do mercado era tomado por bicicletas monomarchas, o modelo mais simples possível, e 40% era de bicicletas multimarchas. Hoje o mercado é igualmente dividido, mas com tendência de domínio das bicicletas mais elaboradas para os próximos anos. Os preços da maioria dos modelos vão de R$ 250 a R$ 3 mil.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas (Abraciclo), José Eduardo Gonçalves, os usuários buscam mais conforto, desempenho e design. “A bicicleta é uma moda hoje, tem toda a opinião pública em seu favor. É barata, fez bem à saúde e não polui”, explica. “Chega a ser incoerente que, com toda esta propaganda positiva, a produção não aumente ano a ano”, afirma.
A explicação dos fabricantes para que isso não aconteça é que no Brasil já existem mais de 70 milhões de bicicletas rodando e 7% delas são trocadas ano a ano. “É uma bicicleta para cada três habitantes. É muita coisa”, conclui Gonçalves.
José Luiz Hunger, proprietário da Hunger Bikes, confirma o movimento. “A primeira bicicleta que o usuário compra tem um perfil. Dali dois ou três anos, ele vai querer uma melhor, mais equipada, mais confortável. É natural que nas compras seguintes, ele adquira um produto mais sofisticado”, afirma.
O empresário Carlos Can­cusso, da Bicicleta Mania, explica que o surgimento de novos modelos também têm atraído novos adeptos. “Com uma variedade maior, como as bicicletas híbridas mountain bikes e bicicletas dobráveis, há uma chance maior de angariar novos ciclistas”, completa.
Mais transporte
O cicloativismo também tem mudado a finalidade do uso das bicicletas. Atualmente, 50% das bikes compradas em território nacional são usadas para transporte e locomoção, de acordo com a Abraciclo. Do restante, 32% são infantis, 17% são usadas para recreação e 1%, para competição.
Exportações não resistem ao avanço chinês
O Brasil é o terceiro maior fabricante e quinto maior mercado consumidor de bicicletas, mas vê suas exportações caírem drasticamente ano após ano. De 33 mil unidades de 2006, as vendas ao exterior caíram a 2,4 mil em 2011, segundo a Abraciclo.
A queda se dá pelo domínio dos produtos chineses, que já têm 70% do mercado mundial – e avançam também sobre o Brasil. Ainda que as importações de bicicletas montadas se mantenham estáveis, o número de componentes made in China nos produtos nacionais avança. A estimativa de revendedores é de que mais de 50% dos materiais usados nas bikes brasileiras vêm do outro lado do mundo.
Para conter o movimento, o Ministério do Desenvolvimento elevou, há dois anos, a alíquota de importação de bikes, de 20% para 30%.

23 de mar. de 2013

Ainda não chegou lá

Medidas populares anunciadas pelo governo, como a desoneração da cesta básica e a redução da tarifa de energia elétrica, demoram a beneficiar os consumidores e desconto não é integral. Entenda por quê

Mariana Queiroz Barboza
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Já é uma tradição no Brasil. Toda vez que o governo vem a público anunciar medidas populares, que reduzem os custos de produção, facilitam o acesso ao crédito e ampliam o poder de compra dos consumidores, os benefícios demoram a chegar à ponta. Quando finalmente as benesses são repassadas à população, os percentuais não conferem com aqueles prometidos com pompa e circunstância em rede nacional de tevê. A história se repetiu com os pacotes de bondades anunciados pela presidenta Dilma Rousseff. Primeiro, a redução dos juros não foi percebida em sua totalidade. Mesmo o Banco Central tendo cortado a taxa básica (Selic) em 5,25 pontos percentuais nos últimos dois anos, os bancos foram extremamente cautelosos em repassar os cortes às taxas cobradas das empresas e das pessoas físicas. Antes, a própria presidenta teve que comprar uma briga pública contra os spreads (diferença entre o que o banco paga e cobra pelo dinheiro) e forçar a queda real dos juros por meio dos bancos públicos para que, meses depois, o benefício chegasse a todas as linhas de crédito.
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Como o principal pilar do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) tem sido o consumo das famílias – que avançou 3,1% no ano passado –, a queda dos preços da cesta básica, anunciada em 8 de março, também tem sido acompanhada pelo governo. Após dizer que retiraria a cobrança de impostos federais (PIS/Cofins) de oito produtos da cesta básica, Dilma afirmou: “Conto com os empresários para que isso signifique uma redução de pelo menos 9,25% no preço das carnes, do café, da manteiga, do óleo de cozinha e de 12,5% na pasta de dentes e nos sabonetes, só para citar alguns exemplos.” A redução efetiva, contudo, não deve passar de 4,5%, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Até agora a baixa de preço nas prateleiras não chegou sequer a 3%. Na semana passada, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostrou que, no município de São Paulo, os preços dos produtos desonerados recuaram 2,79% (o equivalente a R$ 2,48) entre a primeira e a segunda semana de março. Mas por que a discrepância? “O governo fez uma promessa sobre algo que não controla”, diz Heron do Carmo, professor de economia da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo. “Os preços desses produtos são influenciados não só pelos tributos diretos, mas por outras etapas de produção, pela negociação entre supermercados e fornecedores e pela relação entre oferta e procura, entre outros fatores.”
Segundo o economista da USP, cervejas e cigarros, que podem ter preços sugeridos pelos fabricantes, são exemplos de produtos industrializados nos quais o impacto direto da desoneração poderia ser mensurado de forma mais precisa. Na avaliação do Dieese, a renúncia fiscal no caso da cesta básica, que custará ao governo R$ 5,5 bilhões neste ano, é mais uma medida da chamada “reforma tributária fatiada”. “Um dos principais problemas dessa reforma é o fato de ela não permitir uma visão de conjunto sobre suas repercussões”, disse em nota. O vice-presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Ronaldo dos Santos, afirma que a entidade tem orientado os associados a negociar com os fornecedores para fazer o repasse chegar aos clientes. Em outros casos, a decisão sobre o desconto está diretamente nas mãos dos varejistas. “A carne bovina, por exemplo, já estava desonerada na cadeia de produção, com exceção do varejo, mas, devido a créditos tributários, a alíquota paga não era de 9,25%, mas de 3,75% a 6%”, diz ele. Em outras palavras, considerando apenas a isenção fiscal, o desconto máximo no preço da carne será de 6%. Para o café, a expectativa não passa de 4%.
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DECEPÇÃO
Redução de 9% no preço dos produtos da cesta básica,
anunciada pelo governo, ainda não chegou às prateleiras
A teoria econômica, que trata do comportamento dos agentes, mostra que, se o custo de produção for reduzido, isso terá um efeito positivo no valor final. A prática demonstra que esse cálculo não é tão simples. Os economistas de mercado têm outra explicação para o fato de o repasse aos consumidores não corresponder aos valores anunciados oficialmente: a ampliação das margens de lucro. Para o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, embora o setor de supermercados tenha bastante concorrência, “haverá alguma recomposição de margem por parte do varejo”. O precedente foi aberto no ano passado, quando cerca de 16% do corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis e 60% do benefício para a linha branca (eletrodomésticos) foram apropriados pelos empresários e não subtraídos dos valores finais. Com a prorrogação da isenção do IPI, o IBGE notou que os preços de alguns automóveis novos até aumentaram devido à maior procura dos consumidores, que foram atraídos pela propaganda do desconto. Foi nesse momento que as concessionárias aproveitaram para expandir ainda mais sua margem de lucro. Ou seja, não basta a vontade política do governo. É preciso fiscalização e acompanhamento para que espertezas não surjam pelo caminho. Em um cenário de baixo crescimento e inflação persistentemente próxima ao teto da meta (6,3% nos últimos 12 meses), a prática preocupa. A expectativa sobre a desoneração da cesta básica é que baixe a inflação em até 0,6 ponto percentual.
De olho no controle da inflação, o governo tem lançado mão de todas as cartas para impedir o início de um ciclo de juros mais altos pelo Banco Central. Anunciada em setembro do ano passado, a redução na conta de luz foi a medida mais popular tomada nesse sentido. Em 23 de janeiro, a presidenta voltou à tevê e ao rádio para dizer que, a partir do dia seguinte, as tarifas da energia elétrica cairiam, ao menos, 18% para as residências e até 32% para a indústria. Até a semana passada, porém, muitos brasileiros ainda não tinham visto a conta mais barata. De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que coordenou uma campanha pelo barateamento da eletricidade, isso ocorre porque, nas cobranças recebidas em fevereiro, “há medições feitas em datas anteriores à aplicação do percentual de redução.” Além disso, a Fiesp esclarece que, em alguns lugares, a conta pode subir por causa dos reajustes anuais de cada distribuidora, que incluem a correção com base nos índices de inflação e a variação dos custos com a compra de energia das concessionárias.
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Pensando em agradar aos consumidores de baixa renda, o governo agora estuda desonerar o diesel e o setor de transporte coletivo urbano. O estudo de viabilidade está em análise final no Palácio do Planalto. A manutenção e até a diminuição, em alguns casos, da tarifa das passagens de ônibus e metrô terá impacto direto no bolso dos trabalhadores, no momento em que a Dilma vê sua popularidade crescer para 79%. Até agora, o governo abriu mão de mais de R$ 7,3 bilhões em impostos ao ano, mas, nas palavras da presidenta, “os benefícios para as pessoas e a economia compensam esse corte na arrecadação.” Ao anunciar a redução da cesta básica, Dilma afirmou: “Você, com a mesma renda que tem hoje, vai poder aumentar o consumo de alimentos e produtos de limpeza e, ainda, ter uma sobra de dinheiro para poupar ou aumentar o consumo de outros bens.” Vontade política não falta, mas o resultado ainda não chegou lá.
Foto: Pedro dias/Ag. IstoÉ

22 de mar. de 2013

Mais um corpo é achado e número de mortos em Petrópolis chega a 31

Três corpos foram encontrados nesta quinta-feira (21) e buscas continuam.
Temporal de domingo (17) causou deslizamentos na Região Serrana.

Do G1 Rio
Equipes dos Bombeiros trabalham na busca de desaparecidos no bairro Quitandinha (Foto: Maria Valente)Equipes dos Bombeiros trabalham na busca de desaparecidos no Quitandinha (Foto: Maria Valente/Inter TV)
Equipes do Corpo de Bombeiros de Petrópolis, Região Serrana do Rio,  encontraram mais um corpo na tarde desta quinta-feira (21) e o número de vítimas confirmadas da chuva de domingo (17) na cidade chegou a 31. As informações foram divulgadas por meio de nota enviada às 16h30.
O jardineiro José Fernandes tenta encontrar o corpo do irmão (Foto: Maria Valente)O jardineiro José Fernandes tenta encontrar
o corpo do irmão (Foto: Maria Valente/Inter TV)
Familiares de desaparecidos acompanham de perto o trabalho das equipes do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Exército. Por volta das 8h45, os bombeiros encontraram o primeiro corpo desta quinta, a 29ª vítima, o de um homem adulto, dentro de um córrego no bairro Quitandinha. Por volta das 11h, outro corpo, ainda não identificado, foi achado.
O jardineiro José Ventura Fernandes espera que um dos corpos encontrados seja o do irmão, Pedro Ventura Fernandes, que morava na Vila São Joaquim, na Rua Espírito Santo. "Estou sem dormir desde domingo. Já enterrei dois sobrinhos e uma cunhada, vítimas do desamento na Vila São Joaquim. Agora tento achar meu irmão", declarou, emocionado.
Segundo o jardineiro, ele já havia conversado com o irmão sobre o local que ele morava com a namorada, de nome Cristina, também deseparecida. "Falei com o Pedro que aquele local era de risco, que ele devia sair de lá, porque sempre quando chove há desabamentos naquela área. Mas não adiantou. Ele gostava de morar lá e acabou morrendo onde gostava".
Três vítimas enterradas
Os corpos dos irmãos João Vitor, de 2 anos, e Rodrigo de Oliveira Vargas, de 4, foram sepultados às 10h desta quinta-feira, no Cemitério Municipal de Petrópolis, junto com a mãe,  Drucilaine Alves Luminato, de 31 anos, a 28ª vítima, que morreu na quarta-feira (20), no hospital onde estava internada desde o temporal. O marido dela e pai das crianças segue na unidade.

21 de mar. de 2013

Bombeiros retomam buscas por quatro desaparecidos em Petrópolis

Dois adolescentes e dois adultos teriam sido vítimas de um deslizamento.
Agentes da Defesa Civil e militares do Exército auxiliam nas buscas.

Do G1 Região Serrana
Equipes do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Exército retomaram, na manhã desta quinta-feira (21), as buscas por vítimas em decorrência da chuva em Petrópolis, Região Serrana do Rio. Segundo os militares, quatro pessoas seguem desaparecidas, mas a possibilidade de mais vítimas não é descartada.
Cães farejadores auxiliaram nas buscas pelos desaparecidos (Foto: Felipe Carvalho)Cães farejadores auxiliaram nas buscas pelos desaparecidos em Petrópolis (Foto: Felipe Carvalho)
A procura por dois adolescentes e dois adultos está sendo realizada nos bairros Quitandinha e Bingen. Todos eles teriam sido vítimas de um deslizamento que atingiu cinco casas na localidade de Vila São Joaquim, próximo à Rua Espírito Santo. Somente nesta última quarta, três corpos foram encontrados no local. O Corpo de Bombeiros acredita que os desaparecidos possam ter sido arrastados por uma vala de escoamento de águas pluviais.
"Nós encontramos as manilhas (de águas pluviais) muito assoreadas. Pode ser também que estes desaparecidos tenham sido levados até para outras caixas pluviais mais distantes", revelou o coronel Sérgio Simões, secretário estadual de Defesa Civil.
A procura por vítimas da tempestade acontece desde a madrugada de domingo (17). Ao todo, 28 pessoas morreram, e 14 estão internadas por conta da chuva. O número de desabrigados, por sua vez, diminuiu. Segundo o prefeito Rubens Bomtempo, 200 pessoas que estavama em abrigos espalhados pela cidade puderam retornar as suas casas. Mais de 1.200 pessoas seguem desabrigadas.
Mapa das mortes é divulgado
Na manhã de quarta-feira, o Corpo de Bombeiros emitiu o mapa das mortes em Petrópolis. Os bairros com os maiores números de vítimas são o Quitandinha e Independência, ambos com oito mortes. Bingen registrou quatro óbitos, e Alagoas, dois. Thouzet, Lagoinha e Lopes Trovão registraram uma morte cada um. Além destes, outras duas pessoas morreram em unidades de saúde.
Exército auxiliou nas buscas pelos desaparecidos (Foto: Felipe Carvalho)Militares do Exército auxiliaram nas buscas pelos desaparecidos (Foto: Felipe Carvalho)
Prefeitura pede doações de itens de primeira necessidade
O levantamento de preços de eletrodomésticos e eletroeletrônicos para serem doados às famílias atingidas pelas chuvas foi determinado nesta quarta-feira pelo prefeito Rubens Bomtempo. A Setrac já iniciou o processo, e o objetivo é montar cerca de 100 kits contendo artigos de primeira necessidade, como geladeira, fogão, camas, colchões e panelas. TVs também estão incluídas no pacote.  A idéia é utilizar verbas do Fundo Municipal de Assistência Social, assim como o aporte de R$ 3 milhões enviados pelo governo do Estado e doações para a aquisição dos kits.

20 de mar. de 2013

Bombeiros retomam busca por desaparecidos em Petrópolis

Cidade já registra 27 mortes em decorrência da chuva. Desabrigados são 1.463. Região Serrana recebe menos verba para desastres que a capital

Equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil procuram vítimas em Petrópolis, cidade na região serrana do Rio de Janeiro atingida pelas fortes chuvas dos últimos dias
Equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil procuram vítimas em Petrópolis, cidade na região serrana do Rio de Janeiro atingida pelas fortes chuvas dos últimos dias - Luiz Roberto Lima/Futura Press
As equipes do Corpo de Bombeiros retomaram, na manhã desta quarta-feira, as buscas por desaparecidos em meio aos escombros na cidade de Petrópolis, na Região Serrana do Rio. Pelo menos dez pessoas ainda não foram localizadas, de acordo com equipes da Defesa Civil, e acredita-se que estejam sob os destroços em uma das 21 áreas desmoronadas. O total de mortes provocadas pela chuva desde a noite de domingo chegou a 27 na tarde de terça-feira.
Em meio a medidas emergenciais, busca de corpos e anúncios de liberação de verba, a população de Petrópolis assiste, mais uma vez, ao triste espetáculo da cidade que se desmancha: mais encostas rolaram, mais casas estão sendo interditadas e até o momento não houve entrega – ou construção – de uma casa sequer, entre os 112 apartamentos prometidos pelos governos federal e estadual. Desde a chuva de janeiro de 2011, 876 famílias recebem aluguel social – mas dentro de pouco tempo não haverá sequer o que alugar, dado o ritmo do trabalho de reconstrução.
A nova leva de desabrigados tem, oficialmente, 1.463 pessoas, ou 366 novas famílias. Foi esse o contingente recebido nos 27 pontos de apoio disponibilizados pela prefeitura. Somadas às que já estavam dependentes do aluguel social, o número de grupos familiares sem ter moradia definitiva chega a 1.242. Esperar uma solução do estado não é prudente, como mostra o exemplo de um grupo de 50 integrantes de uma comunidade quilombola de nome Tapera - reconhecida pela Fundação Palmares em maio de 2011 - que teve as casas destruídas pela chuva em 2011. Desde a tragédia de dois anos atrás, eles estão em um antigo estábulo, recebendo aluguel social e gastando para alugar o espaço.
Apesar de ser a terceira cidade do Rio mais afetada pelas chuvas de 2011 - quando a Região Serrana foi palco da pior tragédia natural da história do país -, Petrópolis recebeu apenas 41.200 reais do governo federal para obras relacionadas a desastres naturais. A verba veio da soma das liberações dos quatro principais programas do Ministério da Integração Nacional em 2012 - de um orçamento total de 5,7 bilhões de reais.
A ONG Contas Abertas analisou os repasses feitos pelo governo federal por meio dos programas "Gestão de Risco e Resposta a Desastres", "Resposta aos Desastres e Reconstrução", "Prevenção e Preparação para Desastres" e "Drenagem Urbana e Controle de Erosão Marítima e Fluvial". Petrópolis recebeu 31.800 reais pelo "Gestão de Risco" e somente 9.400 reais pelo "Resposta aos Desastres".
Na prática, conforme a ONG, só 2,1 bilhões de reais (36,8%) dos 5,7 bilhões de reais previstos para todo o país foram distribuídos. Esse dinheiro não foi apenas para prefeituras, mas também para entidades públicas ou privadas. Excluído o Distrito Federal, que movimentou 378 milhões de reais por ser sede da Caixa (banco que distribui verbas a todo o país), o estado do Rio foi o que recebeu mais recursos: 242,9 milhões de reais. Desse total, 206,2 milhões (84,9%) foram destinados à capital. Nova Friburgo, município mais afetado pelas chuvas de 2011, recebeu 2,9 milhões de reais.
No desastre ocorrido na região serrana do Rio em Janeiro de 2011 morreram 918 pessoas (429 em Nova Friburgo, 392 em Teresópolis, 71 em Petrópolis e as demais em outros municípios). Petrópolis registrou 6.956 desalojados e 187 desabrigados. Teresópolis, que não recebeu nenhum valor do Ministério em 2012, teve 9.110 desalojados e 6.727 desabrigados.
(Com Estadão Conteúdo)

19 de mar. de 2013

Sobe para 16 o número de mortos em Petrópolis; 560 estão em abrigos

Número de ocorrências registradas pela Defesa Civil chega a 368.
Prefeitura da cidade montou 18 pontos de abrigo.

Andreia Constâncio Do G1 Região Serrana
Subiu para 16 o número de mortos e para 18 o de feridos em decorrência da chuva em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, segundo a assessoria de comunicação da Prefeitura de Petrópolis informou por volta das 18h30 desta segunda-feira (18). A contabilidade anterior, divulgada às 10h pelo secretário estadual de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões, dava conta de 13 mortos.
O número de ocorrências registradas pela Defesa Civil subiu para 368. Os rios Piabanha e Quitandinha também continuam em alerta máximo, sob risco de transbordamento em alguns pontos do Centro Histórico. Já o número de pessoas alojadas nos 18 pontos de apoio soma 560 ou cerca de 140 famílias. O índice pluviométrico do bairro Quitandinha, o mais atingido, chegou a 428 milímetros nas últimas 24 horas, quase que o dobro do esperado para o mês inteiro.
Fernando Lima Gilfer (Foto: Arquivo pessoal)Fernando Fernandes, técnico da Defesa Civil
que morreu soterrado  (Foto: Arquivo pessoal)
Dois técnicos da Defesa Civil estão entre as vítimas. Eles trabalhavam no resgate de desaparecidos na Vila São Joaquim, próximo à Rua Espirito Santo, no bairro Quitandinha, e acabaram soterrados. São eles: Fernando Fernandes de Lima, 44 anos, era especialista na área e já foi subcoordenador de Defesa Civil;  e Paulo Roberto Filgueiras, 37 anos, técnico em enfermagem também especialista em resgates, presidente do grupo de voluntários Anjos da Serra.  Ambos possuíam vários cursos de especialização em Defesa Civil e já prestaram serviço como voluntários. “Eles representam uma multidão de pessoas que entregam suas vidas ao resgate de vítimas, eram líderes em suas tarefas. Sofremos por cada vida que se perdeu hoje”, lamentou o secretário chefe da Defesa Civil, tenente coronel Rafael Simão.
O prefeito Rubens Bomtempo decretou três dias de luto oficial no município, além da suspensão das aulas da rede municipal de educação pelo mesmo prazo. Bomtempo garantiu, no entanto, que essa é uma emergência e que as aulas serão repostas em momento oportuno, sem prejuízos para o calendário escolar.
Noventa e uma pessoas, entre voluntários e funcionários da Defesa Civil, estão pelas ruas auxiliando nas vistorias das ocorrências. Além disso, cerca de 250 bombeiros do Estado estão na cidade. O prefeito também determinou, desde a madrugada desta segunda-feira (18), a criação de uma força tarefa com a contratação de mais 500 pessoas para uma frente emergencial de trabalho.
Deslizamento de terra em bairro de Petrópolis (Foto: Isabela Marinho/G1)Deslizamento de terra em bairro de Petrópolis (Foto: Isabela Marinho/G1)
Por volta de 12h30 desta segunda-feira, o prefeito Bomtempo recebeu o governador Sergio Cabral, parte de seu secretariado (Defesa Civil, Obras, Assistência Social, Educação, Cultura, Agricultura, Transportes e Governo) e mais a presidente do INEA, Marilene Ramos, com três representantes do órgão, para dar início às ações conjuntas. Junto com os R$ 200 mil liberados por Bomtempo para a realização de compras emergenciais de colchões, cobertores, alimentos, água potável e produtos de higiene pessoal, por meio do Fundo de Assistência Social, o governo do Estado afirmou que vai destinar mais R$ 3 milhões para dar continuidade às ações.
O maquinário utilizado pelo INEA no desassoreamento dos rios também já está a serviço da Prefeitura. “A Ministra Gleisi Hoffmann foi designada pela presidente Dilma Roussef a acompanhar a situação de Petrópolis”, disse Cabral, “e vai estudar a chamada compra assistida para soluções mais rápidas na área de habitação”.

18 de mar. de 2013

No Vaticano, Cristina Kirchner tenta se aproximar do papa

Em seu primeiro encontro com o papa Francisco, nesta segunda-feira, no Vaticano, a presidente Cristina Kirchner pediu ao pontífice que interceda para abrir um diálogo entre o Reino Unido e a Argentina sobre as Malvinas. Ao conversar com jornalistas depois de almoçar com o papa, a mandatária destacou a “simplicidade” de Francisco e disse que o convidou a visitar a Argentina.
“Solicitei sua intermediação para conseguir um diálogo sobre a questão das Malvinas”, disse Cristina. “Estamos diante de uma oportunidade histórica. Os dois países têm governos democráticos e não há perigo de nenhuma natureza bélica”, acrescentou, mantendo a ideia fixa de questionar a soberania do arquipélago, mesmo depois da derrota no referendo realizado na última semana, que terminou com quase 100% dos votantes aprovando a manutenção do status de território ultramarino britânico.
O almoço na residência Santa Marta foi oferecido depois de uma reunião de aproximadamente 15 minutos entre o pontífice e a delegação argentina. “O vi sereno, seguro, em paz, tranquilo e também ocupado com o que vai ser a imensa tarefa de conduzir o Vaticano e as coisas que ele sabe que é preciso mudar”, disse a presidente.
Presentes - Cristina presenteou o novo pontífice com utensílios para preparar mate e foi presenteada com uma imagem da igreja de São Pedro. A visita da presidente foi a primeira audiência de Francisco como chefe de estado. Logo depois da eleição do novo papa, a mandatária divulgou um comunicado felicitando Bergoglio considerado frio pela imprensa argentina - principalmente pelo histórico das relações entre o arcebispo e os Kirchner.
Antes do almoço, a reunião ocorreu em clima informal, e o papa chegou a dar um beijo na mandatária, em agradecimento ao presente, gesto que surpreendeu Cristina. “Nunca um papa havia me beijado”, disse.
Um artigo publicado pelo jornal Clarín nesta segunda-feira destaca que a presidente deve compreender que tem “uma oportunidade única” no encontro com o papa e "baixar o tom dos ‘ultra K’ que, sem sorte, querem envolver Bergoglio com a ditadura". "E saiba ver que a seu anfitrião não compete poder terreno: sua autoridade provém do território da fé e do espírito, ainda que ele tenha 1,2 bilhão de ‘votos’.” O texto lembra ainda que, como cardeal, Bergoglio pediu vários encontros com a mandatária, sem ser atendido.
O arcebispo foi um dos principais críticos do governo desde 2003, quando Néstor Kirchner assumiu a Presidência da Argentina. As frequentes críticas à pobreza, à corrupção e ao crime nas homilias desagradavam o então mandatário. As tensões marcaram essa relação até a semana passada, tendo como ponto alto a posição contrária de Bergoglio à aprovação da união entre homossexuais pelo Congresso, em 2010, que teve apoio da Casa Rosada.
Mas a estratégia da administração Kirchner em relação ao novo papa não demorou a ser alterada, como aponta o jornal argentino La Nación, lembrando que o chanceler Héctor Timerman viajou a Roma dias antes da presidente para preparar a reunião com o pontífice.
Além do ministro de Relações Exteriores, também integram a delegação argentina o secretário de Comunicação, Alfredo Scoccimarro, e o embaixador da Argentina para a Santa Sé, Juan Pablo Cafiero, todos devidamente apresentados ao papa.
No total, a delegação inclui 140 pessoas. O grupo conta com representantes dos três Poderes e dirigentes sociais convidados pela presidente, informou o jornal Clarín. O papa havia solicitado aos argentinos que não viajassem a Roma para acompanhar sua missa inaugural; em vez disso, deveriam doar o dinheiro que seria gasto com a viagem.
L'Osservatore Romano/EFE
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, em encontro com o papa Francisco na residência Santa Marta, no Vaticano
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, em encontro com o papa Francisco na residência Santa Marta, no Vaticano
(Com agência France-Presse)

Papa recebe Cristina Kirchner em sua primeira audiência

Relação entre os dois é marcada pela turbulência. Último encontro foi em 2010

Papa Francisco na Praça São Pedro, no Vaticano
Papa Francisco na Praça São Pedro, no Vaticano - Dylan Martinez/Reuters
Ex-arcebispo de Buenos Aires, o papa Francisco receberá nesta segunda-feira a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, na sua primeira audiência com um chefe de estado. O Vaticano considerou o encontro um "gesto de cortesia e afeto' para a chefe de estado e o povo argentino". "Trata-se de um gesto de cortesia, de atenção para a Argentina e sua presidente", disse o porta-voz vaticano, Federico Lombardi, que considerou "natural' o fato de o papa receber a presidente da Argentina, seu país natal, de maneira "diferente" do restante das delegações que assistirão à missa de inauguração de seu pontificado, na terça-feira.
Francisco receberá Cristina Kirchner às 12h50 (8h50 em Brasília) e almoçará com ela na Casa Santa Marta, onde se alojam os cardeais durante o conclave e onde ainda está hospedado o papa nestes dias, pois ainda não tomou posse de seus aposentos no Palácio Apostólico.
Nos últimos anos, tem sido turbulenta a relação entre os Kirchner e o então arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio. Desde 2003, quando Néstor Kirchner assumiu a Presidência da Argentina, o estado e a Igreja passaram a trocar acusações tensas, sobretudo após a aprovação da união entre homossexuais em 2010. No mesmo ano, o então presidente Nestor Kirchner, morto em outubro de 2010, rompeu a tradição que vinha desde 1810 e decidiu não assistir à missa Te Deum, que no dia 25 de maio é celebrada na Catedral Metropolitana de Buenos Aires em homenagem à Revolução de Maio.
O agora papa também foi um dos principais críticos à maneira como os Kirchner conduzem a política econômica argentina. A chegada de Cristina ao poder, porpem, abriu uma nova oportunidade de aproximação. Ela e Bergoglio se reuniram em 2007, acontecimento tratado como um marco na reaproximação entre a Igreja e o estado. Mas a trégua não durou muito. O rompimento com a presidente ocorreu devido à participação ativa de Cristina na campanha pela aprovação do casamento homossexual. A última reunião particular entre os dois aconteceu em 2010.
Missa – Após encontrar o papa Francisco nesta segunda, Cristina Kirchner continua em Roma para assistir à missa de início do seu pontificado, nesta terça-feira. São esperadas 150 delegações de vários países para a celebração. O papa deve receber os representantes de cada país no final da missa, no Altar da Confissão, no interior da Basílica de São Pedro. O Brasil estará presente. A presidente Dilma Roussef chegou a Roma neste domingo.
(Com agência EFE)